Marfinite avança em novos mercados

Marca tradicional no mercado de móveis e uma das maiores transformadoras de termoplásticos do país, a Marfinite quer conquistar espaço nos estádios e automóveis brasileiros. Nos próximos dois anos, assentos esportivos e autopeças devem ser os principais motores para expansão do faturamento consolidado da empresa, que no ano passado alcançou R$ 162 milhões. Até 2013, a expectativa é a de que as receitas praticamente dobrem, chegando a R$ 310 milhões se consideradas as vendas da Marfinite e da Pladip, braço da empresa para o mercado de componentes automotivos.

Parte do crescimento virá na esteira da realização da Copa do Mundo no país em 2014. De olho no potencial de negócios gerados a partir do evento, a companhia lançou a Marfinite Arenas, cuja divulgação está a cargo da 9Nine, agência de marketing que tem como sócio o craque Ronaldo Nazário. Junto com a marca, a Marfinite apresentou uma nova linha de assentos esportivos – hoje, peças da empresa já podem ser encontradas nos estádios do Engenhão e da Vila Belmiro -, em conformidade com as normas atualizadas da ABNT e que poderão levar como matéria-prima o polietileno produzido a partir de etanol de cana-de-açúcar da Braskem.

"A Copa no país abre oportunidade de fornecimento de 1,2 milhão de assentos considerando-se estádios que serão sede e os de suporte", diz o sócio-presidente da Marfinite, Alexandre Pimentel. Segundo o empresário, a fábrica da empresa, em Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, tem capacidade instalada para absorver a demanda adicional, em razão dos investimentos em modernização executados nos últimos anos. "Talvez os novos aportes alcancem R$ 10 milhões, porque os investimentos mais pesados já foram feitos", explica.

De acordo com Pimentel, a preparação da Marfinite com vistas à Copa começou há dois anos. "Estivemos na Europa para pesquisar portfólio, acompanhamos a atualização das normas da ABNT e, agora, estamos em fase de negociação de preços", conta. Os primeiros contratos devem ser firmados entre janeiro e fevereiro do ano que vem.

No segmento automotivo, a Marfinite também quer desempenhar papel de destaque. Neste momento, por meio da Pladip, está trabalhando na homologação de componentes automotivos de plástico junto às grandes montadoras instaladas no país e, em breve, pode se transformar em fornecedora OEM (de componentes originais) dessas empresas. "Hoje já fornecemos peças de plástico para sistemistas. Esses clientes seguirão na nossa carteira", ressalta o empresário.

A entrada da empresa no segmento de componentes automotivos tornou-se possível em 2009, com a compra do parque industrial da Sedna, em Mairinque, voltada à fabricação de móveis. "O maquinário nos interessava", conta Pimentel. De lá para cá, a Sedna foi transformada em Pladip e a Marfinite saiu em busca das certificações necessárias e exigidas pelas montadoras.

Hoje, a unidade fabril tem capacidade de transformação de 800 toneladas de resinas plásticas por mês e é fornecedora também de peças para linha branca. Neste ano, a operação deve gerar receitas de R$ 18,5 milhões, uma alta de 29% na comparação com o verificado em 2010. No ano que vem, as receitas devem subir a R$ 38 milhões e alcançar R$ 47 milhões em 2012 na esteira da conquista de novos clientes.

Apesar da aposta nos segmentos esportivo e de autopeças, o negócio tradicional de móveis e caixas de plástico para movimentação de carga e o fornecimento de esferas para a indústria de higiene e beleza (usadas em embalagens de desodorante roll-on) também deve contribuir para o avanço dos negócios da empresa nos próximos dois anos. "O negócio de lixo também representa oportunidade, por conta da Política Nacional de Resíduos Sólidos", diz. A empresa produz lixeiras com capacidade de 15 litros até 1,1 mil litros.

Na fábrica de Itaquaquecetuba, a Marfinite transforma mensalmente 1,2 mil toneladas de resinas plásticas, mas tem capacidade para 1,7 mil ao mês. Esse volume instalado resultou de investimentos de R$ 28 milhões realizados nos dois últimos anos. Fundada pelos italianos Vitaliano Raiola e Giulio Frascari, em 1961, e inicialmente focada na produção de bolas de bilhar e boliche, a Marfinite produziu sua primeira cadeira em polipropileno (PP), com armação de ferro, em 1967. Hoje, a empresa utiliza como matérias-primas polietileno e PP, além de reutilizar produtos que retornam à fábrica.

Em 1991, deu início à produção de pallets de plástico, que substituem as tradicionais peças de madeira. Em 2008, a Marfinite foi comprada pela A2DP, que tem como sócios Pimentel e Artur Dian. A holding controla ainda negócios de injeção de plástico, distribuição de aço e de serviços de segurança.

(Stella Fontes | Valor)

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