Menu sofisticado também se vende por quilo

Duas senhorinhas entram pela primeira vez no restaurante que vende comida por quilo. Vão até o bufê ver as opções. "Olha, tem bacalhau", diz uma. "Também tem camarão, arroz de pato e filé mignon", responde a amiga, surpresa. A cena, segundo Roberto Azevedo, sócio do restaurante Da Silva, acontece constantemente nas duas filiais dos shoppings Botafogo Praia e Rio Design Leblon. A reação da demanda anima a família Perito, dona do sofisticado restaurante Antiquarius do Rio, a planejar a expansão da marca Da Silva, criada em 2000.
 
O plano é abrir mais duas filiais neste ano. "Existe no mercado um público executivo que quer comer rápido, mas procura comida de qualidade. E é isso que oferecemos: a qualidade do Antiquarius, porém com um serviço mais rápido e prático", diz Azevedo, que se associou aos Perito em 2009 para organizar e planejar a expansão.
 
Em 2006, o primeiro Da Silva, em Ipanema, foi vendido e a família deixou que o comprador continuasse usando a marca por um período. "A qualidade caiu e não pudemos fiscalizar", diz Antonio Prieto. O restaurante do Centro também enfrentou problemas e a família resolveu investir para recuperar a imagem da marca. Hoje, a cozinha é prioridade. "Quase toda a comida é feita na própria loja porque o nosso segredo é a comida, o ingrediente", diz Azevedo.
 
O objetivo é transformar o Da Silva em uma grande rede do Rio de Janeiro. A família Perito não vai escapar de ter que produzir parte de sua comida numa cozinha industrial. "Hoje nossos doces já são feitos em conjunto e alguns molhos, mas o pratos ainda serão nas lojas", diz Antonio Perito.
 
Azevedo diz que, desde 2009 o grupo faz compras coletivas para os restaurantes, que respondem a único departamento financeiro e um de recursos humanos. A estratégia vem dando certo. De 2009 para 2010, o faturamento cresceu 50%. Os empresários planejam abrir duas novas unidades em 2012, com um investimento que pode chegar a R$ 4 milhões.
 
O objetivo agora é voltar a Ipanema. "Mas os custos lá são inviáveis. Só de luva, estão cobrando mais de R$ 3 milhões, fora o aluguel", diz Azevedo. Por isso estão sendo pesquisados pontos na zona norte da cidade, em bairros como a Tijuca, onde há uma grande classe média, e também em shoppings como o Nova América e o Norte Shopping. "Não tenho dúvidas que há demanda pelo nosso tipo de comida nessas regiões. Lá também há executivos e uma população que vem enriquecendo e pode pagar nosso preço", diz Azevedo. O grupo também negocia uma filial na Barra da Tijuca.
 
Hoje, um quilo de comida nos Da Silva de Botafogo e Leblon custa R$ 69 entre 12h e 14h; R$ 59 após 14h30, de segunda a sexta; e R$ 79 aos sábados, domingos e feriados. O tíquete médio durante a semana é de R$ 34 e no fim de semana, R$ 48. A loja do Centro (um bufê fixo) cobra R$ 49,50 até as 14h e R$ 39,50 após esse horário.
 
Há ainda o projeto de abrir lojas em praças de alimentação de shoppings e franquias. Mas isso virá a longo prazo. "Primeiro teremos que ter pelo menos cinco restaurantes funcionando bem".
 
A dupla não se preocupa com a desaceleração da economia brasileira. "O Brasil não vai empobrecer. Temos uma camada da população que já está se alimentando melhor. Ainda existe muito mercado para o Da Silva".

(Paola de Moura | Valor)

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