Mercedes acelera planos para fábrica de Minas

Com a crise europeia prolongando as dificuldades nas economias desenvolvidos, a Mercedes-Benz intensifica sua expansão no Brasil para aproveitar o aquecimento do mercado de caminhões, turbinado por isenção de IPI e crédito barato. Para os executivos da multinacional alemã, mesmo com o fim dos incentivos, o mercado brasileiro de caminhões crescerá a pelo menos 4% ao ano até 2020.

Esse número norteia o ritmo acelerado com que engenheiros da Mercedes tocam um plano de engenharia para passar a produzir caminhões na fábrica de veículos de passeio da companhia em Juiz de Fora (MG).

Segundo o executivo mundial da Mercedes que lidera a divisão de caminhões da multinacional alemã, Hubertus Troska, a produção mineira vai começar já em "meados de 2011".

Atualmente, a produção desses veículos no Brasil está concentrada na unidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que vem operando com jornadas extras para dar conta da alta nas vendas. Só entre janeiro e maio deste ano, a Mercedes aumentou em 70% suas vendas de caminhões.

A produção na Alemanha ainda é maior porque atende a toda a Europa, explica Troska, mas, no ano passado, a Mercedes vendeu mais caminhões no Brasil do que no seu país de origem. E o feito deve se repetir este ano.

"É fenomenal o que está acontecendo no Brasil. Enquanto a crise é muito grande na Europa, todo mundo aqui está dançando samba", brinca o executivo, que participa do Fórum Internacional de Mobilidade Sustentável Challenge Bibendum, promovido pela Michelin, no Rio.

Expectativa. A expectativa da companhia é abocanhar este ano pelo menos 30% de todas as vendas de caminhões no País, que, para o presidente da Mercedes-Benz Brasil, Jürgen Ziegler, vai chegar a 135 mil unidades. No ano passado, a empresa teve 28,5% desse mercado.

Em março, a Mercedes anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão (R$ 1,2 bilhão financiado pelo BNDES) para aumentar em 10 mil unidades a capacidade anual de 65 mil unidades da fábrica de São Bernardo do Campo. Ziegler diz não ter fechado ainda o volume de investimentos que será feito em Juiz de Fora (MG), mas confirmou que será grande. "Ainda estamos definindo o modelo que vamos produzir lá e o tamanho da produção", desconversou.

Na visão de Ziegler, as vendas de caminhões continuarão a crescer no Brasil mesmo sem os incentivos fiscais ou os juros subsidiados de 4,5% do programa Procaminhoneiro, do BNDES, que aprovou R$ 3,6 bilhões em financiamentos nos últimos dez meses. Na abertura do Challenge Bibendum, na segunda-feira, o presidente Lula reclamou que o financiamento não chega aos caminhoneiros autônomos, que não têm garantias.

Ziegler, há seis meses à frente da Mercedes brasileira e arriscando as primeiras palavras em português, confirma que as vendas foram mais fortes para transportadoras e vê no aperfeiçoamento do crédito para os caminhoneiros mais um potencial. No entanto, acredita que a continuidade dos bons resultados depende do crescimento da economia brasileira e da América Latina. "Vemos também o potencial de exportação, com os sinais de recuperação forte em países como Argentina, Chile e Peru."

(Alexandre Rodrigues | O Estado de São Paulo)
 

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