Na onda de expansão dos shoppings, modelos diferentes e mais baratos

Quando um brasileiro, um americano e um europeu pensam em shopping center, imagens diferentes vêm à mente. Nos Estados Unidos, é comum o conceito de "open mall", um centro de compras ao ar livre, com cinemas, lojas e restaurantes distribuídos em algumas pequenas ruas. Um espaço menor costuma ser ocupado pelos outlets dos mercados europeu e americano, onde as lojas de grife, uma ao lado da outra em um espaço térreo, conquistam a atenção dos consumidores ao oferecer peças de coleções anteriores com descontos. Já no Brasil os empreendimentos verticais, dividido por vários andares e blocos, são os mais comuns. Mas há projetos em andamento que mudam essa paisagem.

Na onda de expansão do setor – estão sendo inaugurados 39 shoppings entre agosto deste ano e dezembro de 2011, com investimentos estimados entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões -, uma leva será aberta em formatos diferentes do tradicional. General Shopping e a novata Construtora São José apostam em shoppings ao ar livre e em outlets, que custam entre 30% e 40% menos que um empreendimento tradicional e têm um custo até 70% menor de condomínio para os lojistas. A BR Malls, a maior do setor, estuda shoppings temáticos, aproveitando o crescimento de setores como móveis, eletrodomésticos, alimentação e lazer.

Segundo o presidente do General Shopping, Alessandro Veronezi, a empresa tem mapeadas pelo menos 50 áreas no Sul e no Sudeste do país em que o conceito de "open mall" pode ser explorado. "São empreendimentos que consomem menos energia, por não ter ar condicionado, elevador e escada rolante, por exemplo, e podem ser adaptados a espaços menores, como um shopping de vizinhança", diz Veronezi, para quem os shoppings tradicionais vão encontrar a saturação mais cedo. A questão do espaço nas grandes cidades é um problema a ser resolvido pelos empreendedores do setor, que reclamam dos altos preços e da falta de disponibilidade dos terrenos.

O General Shopping foi o primeiro a resgatar o modelo outlet de luxo, com o Premium em Itupeva (SP), inaugurado há um ano, que trouxe grifes como Diesel, Giorgio Armani e Ermenegildo Zegna a preços acessíveis. "Temos uma fila de 15 marcas esperando pelo nosso projeto de expansão", diz Alexandre Dias, diretor comercial do General Shopping. Dos sete outlets explorados pela Nike no país, o Premium é o que apresenta a melhor venda. No passado, segundo Dias, outros projetos de outlet de luxo foram testados, sem sucesso. "O local precisa estar distante das lojas das grifes, para não canibalizar o negócio principal, e o empreendimento precisa ser instalado em um prédio novo, com baixos custos de manutenção".

Outros grupos, como o Aliansce e Zaffari, estariam estudando o modelo de outlet de luxo. A Aliansce nega. "Estamos nos beneficiando do período de entressafra dos nossos empreendimentos, com cinco shoppings abertos nos últimos três anos e outros três para inaugurar até o final de 2011", diz o presidente da Aliansce, Henrique Cordeiro Guerra, que esta semana anuncia o lançamento do segundo shopping da companhia em Belém. Todos no modelo tradicional.

A construtora São José está investindo R$ 80 milhões em um outlet de luxo que será inaugurado em outubro de 2011 em Novo Hamburgo (RS). "O centro comercial vai atender toda a região de Porto Alegre, Gramado e Canela", diz o diretor da divisão de shoppings da construtora, Arthur Gorenstein. Com um espaço de 20 mil metros 2, o empreendimento tem 60% dos espaços locados, que estão sendo comercializados pela Jones Lang LaSalle, que prestou o mesmo serviço para o outlet de Itupeva.

A BR Malls, a maior empresa do setor, trabalha em dois novos shoppings temáticos. O primeiro é o Rio Plaza, um shopping da zona sul carioca que está sendo remodelado para se tornar um pólo de decoração na região.

"Não havia nenhum centro comercial com este perfil na zona sul do Rio e queremos aproveitar o crescimento deste mercado, que envolve móveis e eletroeletrônicos", diz Bernardo Aragão, superintendente do Rio Plaza, que terá 100% das lojas voltadas ao tema em dezembro de 2011. A empresa deve anunciar outro empreendimento temático fora do eixo Rio-São Paulo, provavelmente no Paraná, mas não fala do projeto.

Aragão também vê oportunidades em shoppings temáticos na área de alimentação e lazer. "Aproveitamos a expansão do Norte Shopping, há três anos, para criar o Pátio Norte Shopping, uma área voltada apenas a entretenimento, com espaço para shows, jogos e até uma universidade", afirma Aragão.

O modelo de "festival center", como são chamados nos Estados Unidos os empreendimentos voltados à gastronomia e ao lazer, também está no radar da General Shopping. "É uma investida interessante para pontos turísticos", afirma Dias.

Na opinião de Luiz Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o que norteia as novas investidas é o aumento da concorrência. "É uma forma de manter sempre a atenção do consumidor e não deixar o modelo envelhecer", diz.

(Daniele Madureira | Valor)

 

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