Nos EUA, Odebrecht busca obras em estradas e portos

Após assinar contrato para construção de uma estrada nos Estados Unidos neste ano, a Odebrecht pretende aumentar a participação do país no faturamento global de engenharia e construção. Considerando só esse setor, as receitas americanas são hoje tímidas para a companhia e representam menos de 1% do faturamento. Com a retomada de investimentos públicos do governo americano sentida pelos executivos, a expectativa é que o volume de contratos do grupo brasileiro no país dobre em cinco anos – impulsionado também por projetos portuários.
 
Pelo contrato assinado recentemente, a Odebrecht será responsável pela ampliação da rodovia pedagiada Sam Houston Tollway, entre a Rota 59 e a Rodovia Estadual 288, na região sul do condado de Harris – localizado na cidade de Houston. O valor do contrato não é tão expressivo quanto aos que o grupo está acostumado: R$ 46 milhões. No entanto, é representativo porque se trata da primeira empresa brasileira a realizar um projeto público nos Estados Unidos.
 
As rodovias ainda podem proporcionar uma grande expansão das operações no país. Segundo Gilberto Neves, presidente da Odebrecht nos EUA, a companhia enxerga oportunidades especialmente no Texas. Nesse Estado, há projetos que somam US$ 1 bilhão em investimentos e podem, inclusive, ser alvo de concessão à iniciativa privada – algo de grande interesse para o grupo. Operar como concessionária fora do Brasil não é uma novidade para a companhia. Neste ano, por exemplo, a Odebrecht começou a construir um trecho de 530 km da Ruta del Sol, estrada de 1 mil km que ligará Bogotá à costa do Caribe, da qual será concessionária após o investimento de US$ 1,06 bilhão previsto.
 
Além das estradas, é vista como prioridade para a empresa nos Estados Unidos a entrada em projetos de expansão de capacidade de portos. Segundo Neves, há um grande número de projetos para expansão de terminais sendo desenvolvidos paralelamente à ampliação do Canal do Panamá (conjunto de eclusas que transporta navios dos oceanos Atlântico ao Pacífico e vice-versa). A expansão, que tem obras em curso e previsão para ser concluída em 2014, já provoca o desejo de operadores americanos em expandir a capacidade em toda a costa americana para receber os novos navios.

As embarcações que agora poderão ser recebidas no Canal podem ter até 365 metros de comprimento e 49 metros de largura, ante 294,3 metros e 32,2 metros (respectivamente) do que era anteriormente suportado. O aumento de movimentação dos navios pós-Panamax (assim chamados por serem, pelo menos até agora, maiores do que a capacidade do Canal) provoca em toda a costa americana um grande número de projetos de dragagem (obra que permite o aprofundamento do canal por onde passam os navios) no entorno dos portos, a fim de torná-los aptos a receber as novas embarcações – o que é considerado pelos executivos como uma oportunidade.
 
Para Neves, embora a situação da economia americana não seja tão estimulante como há alguns anos, é sentido um ambiente melhor para os negócios no país. "Eu particularmente não acho que existirá uma euforia como existia em 2005, pois há uma consciência fiscal maior. Mas já sinto que há uma retomada de investimentos públicos", resume.
 
Há 21 anos no país, a Odebrecht tem entre as obras mais relevantes em andamento a conclusão do Terminal Norte do Aeroporto de Miami – contratos que têm valor superior a US$ 2,5 bilhões. Além disso, o grupo participa da construção de um sistema de diques para contenção de enchentes em Nova Orleans (cidade do Estado da Luisiana). Considerando outras unidades (além da construção), o faturamento de todo o grupo chega hoje a US$ 2 bilhões por ano no país, segundo Neves – o que representa 6% da soma global da companhia.

(Fábio Pupo | Valor)
 

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