Rossi traça nova estratégia com foco em rentabilidade

A Rossi Residencial apresentou nesta quinta-feira estratégia para reorganizar suas operações, com foco em rentabilidade, o que incluiu a alteração das práticas contábeis adotadas desde 2009.

A construtora e incorporadora defendeu a criação de uma empresa “mais saudável”, apoiada em programa de redução despesas gerais e administrativas já em andamento, atuação concentrada em regiões metropolitanas mais atrativas e redução da participação de parceiros em projetos.

Nos próximos três anos, a Rossi reduzirá a construção realizada por terceiros para 10 por cento, ante atuais 37 por cento, enquanto os sócios incorporadores terão participação reduzida para 5 por cento dos lançamentos da empresa –excluindo Norcon Rossi e Capital Rossi.

Tais medidas, segundo os executivos da companhia, podem resultar em aumento de até 2 pontos percentuais na margem bruta e de até 0,5 ponto na margem Ebitda em três anos.

A Rossi também pretende diminuir pela metade a quantidade de regiões em que opera até 2014, para 30 cidades, em 11 regiões metropolitanas.

Já a equipe própria de vendas da empresa aumentará sua participação dos atuais 52 por cento para ao redor de 90 por cento.

“Estamos olhando para frente com otimismo”, disse nesta quinta-feira o diretor financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Cássio Audi. “Inauguramos uma fase com maior rentabilidade e transparência com mercado.”

As ações da Rossi, que chegaram a subir 3,5 por cento, tinham ganho de 1,04 por cento às 14h23, a 4,85 reais. O Ibovespa tinha alta de 0,41 por cento.

AJUSTES CONTÁBEIS

A Rossi também apresentou nesta quinta-feira demonstrativo de resultado preliminar em que registra lucro líquido de 51 milhões de reais no segundo trimestre. No balanço divulgado em 15 de agosto, a empresa havia apresentado prejuízo de 9,1 milhões, surpreendendo o mercado.

Segundo a companhia, o novo balanço para o período –cuja auditoria independente ainda não foi concluída– incluiu revisão de práticas contábeis adotadas anteriormente. A empresa informou que decidiu fazer a alteração incidir desde janeiro de 2009 para “aprimoramento de demonstrações financeiras”.

“Estamos fazendo todos os ajustes definitivamente”, disse o presidente-executivo da empresa, Leonardo Diniz, em teleconferência com analistas.

A maior parte dos ajustes, que totalizam 715,3 milhões de reais, foi referente a receitas e custos reconhecidos em balanços anteriores.

Conforme modelo anterior, a receita era apropriada ao resultado pela separação entre terrenos e incorporações, o que levava a um reconhecimento mais acelerado da receita para quem contribuía com o terreno do que para o responsável pela incorporação.

Com a alteração, o reconhecimento da receita e do resultado por empreendimento passa a refletir a mesma velocidade de reconhecimento e margem para o conjunto terreno/incorporação.

“Os ajustes são meramente contábeis, sem qualquer efeito no caixa, e vão retornar nos próximos 18 meses”, afirmou Audi.

Segundo ele, a companhia registrará geração de caixa a partir do quarto trimestre, estimada em cerca de 80 milhões de reais, enquanto no atual trimestre o caixa ficará neutro. Para 2013, a previsão é de geração de caixa de 400 milhões a 450 milhões de reais.

Em 15 de agosto, a Rossi surpreendeu o mercado com um prejuízo de 9,1 milhões de reais para o segundo trimestre, refletindo ajuste de custos de 51 milhões de reais e reconhecimento de cerca de perda de 460 milhões de reais por atrasos na entrega de imóveis.

Na ocasião, a Rossi informou que os dados eram preliminares e estavam em processo de auditoria, após mudança de auditores.

A Rossi vai apresentar nos próximos dias relatório conclusivo para o segundo trimestre, quando acredita que “não haverá ajuste relevante”.

Também serão reapresentadas as demonstrações financeiras a partir de janeiro de 2009, com ajustes nas práticas contábeis de forma retrospectiva.

A Rossi está negociando, junto aos acionistas controladores e potenciais investidores, um aumento de capital de até 500 milhões de reais para adequar sua estrutura de capital.

A operação deve ser votada em 8 de outubro. Segundo Audi, as “negociações estão avançadas”, com o grupo controlador liderando o processo.

(Estadão)

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