PT vai entrar no capital da Oi e da Contax

A Portugal Telecom pode formalizar amanhã sua entrada no controle acionário da Oi. Também existem boas chances de que simultaneamente seja anunciada a união entre a Dedic, empresa de contact center do grupo português, e a Contax – que tem os mesmos acionistas controladores da operadora brasileira de telefonia.

Os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acertaram a venda de suas participações na Contax por cerca de R$ 600 milhões, abrindo espaço para a entrada dos portugueses.

As fundações e o banco estatal também vão reduzir a participação que têm hoje na operadora Oi, já que não devem participar do aumento de capital que será feito nas empresas da operadora listadas em bolsa.

A redação dos contratos entre a PT e os acionistas da Oi caminha com mais tranquilidade que o previsto, o que pode acelerar a assinatura da operação, inicialmente estimada para ser realizada até o fim deste mês.

O Valor apurou que já foram feitos os últimos acertos nos acordos de acionistas e, em princípio, a assinatura dos contratos pode ocorrer amanhã. Neste momento, os advogados estão alinhavando a redação dos documentos. Mas esse não é um trabalho pequeno, já que os contratos são vastos, cheios de detalhes e envolvem a discussão entre muitas partes. Dessa forma, possíveis atrasos não estão descartados.

Embora Oi e Contax sejam empresas independentes e as conversas tenham corrido em paralelo, a expectativa é que haja um anúncio global dos negócios envolvendo os portugueses e os sócios brasileiros.

Na Oi, o desenho final da operação é bastante parecido com o que começou a ser discutido em outubro, quando a Portugal Telecom propôs ficar com uma participação na empresa um pouco maior que a acertada originalmente. Para entrar no capital da operadora de telefonia, os portugueses devem desembolsar até R$ 8,4 bilhões.

A PT deve ficar com uma fatia direta de 12,1% na Telemar Participações, além de adquirir 35% da AG Telecom (empresa do grupo Andrade Gutierrez) e um percentual idêntico na La Fonte Telecom (da família Jereissati).

Nem os fundos de pensão – Previ, Funcef e Petros – nem o BNDES vão participar do aumento de capital na companhia operacional Telemar Norte Leste, que vai requerer um aporte de R$ 4,2 bilhões. Esse tema chegou a ser objeto de uma queda de braço com os acionistas majoritários, que queriam que as fundações participassem do aumento de capital. O debate acabou atrasando o fechamento da operação, anunciada no fim de julho.

Os fundos de pensão dividiram US$ 1,1 bilhão com a venda de participações no controle da Oi, de forma a possibilitar que a PT entrasse na holding Telemar Participações sem alterar o controle exercido por AG Telecom, La Fonte e Fundação Atlântico. Se concordassem em acompanhar o aporte na companhia operacional, perderiam parte desse dinheiro.

Depois de concluída a operação, as fundações vão ficar com menos de 8% da Telemar Norte Leste. A BNDESPar terá pouco mais de 12%. A Portugal Telecom, por sua vez, terá 22,4% da companhia operacional.

Ao fim, a Previ, que contava com 12,96% do capital da holding Telemar Participações, passará a 9,69%. Petros e Funcef, que detinham 10% cada uma, reduzirão suas participações para 7,48% cada. O espaço que os fundos cederam para a PT corresponde basicamente aos percentuais que haviam comprado do BNDES depois da união entre a Oi e a Brasil Telecom (BrT).

Apesar de reduzir sua fatia na Oi, os fundos vão continuar integrando o conselho de administração da empresa de telefonia.

Até recentemente, não estava claro se o negócio entre Dedic e Contax poderia ser fechado neste momento, junto com a operação envolvendo a Portugal Telecom e os controladores da Oi. A Dedic presta serviços à Vivo e a Telefónica já teve preferência na compra da empresa de call center, o que não exerceu.

(Heloisa Magalhães, Vera Saavedra Durão e Talita Moreira | Valor)

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