LBS divide negócios em quatro companhias

A LBS Local, que opera os serviços de internet Apontador, MapLink, Imobox e ApontaOfertas/Regrupe passou por uma reestruturação cujo resultado está sendo apresentado agora, com a formação de quatro empresas independentes. As companhias terão gestão e estruturas próprias, mas continuarão sob o controle da LBS, que passará a atuar como uma holding.
 
A mudança foi feita com o objetivo de acelerar o crescimento individual de cada negócio, diz ao Valor Moacir Kang, sócio e cofundador do Apontador, que passará a atuar como executivo-chefe da LBS. Kang vai assumir o lugar que pertencia a Anderson Thees, que entrou na companhia em 2010 e, agora, passará a integrar o recém-criado conselho de administração, além de chefiar a também nova área de fusões e aquisições.
 
"Com esse arranjo, fica mais claro o que cada empresa faz e cada uma terá mais autonomia para perseguir seus objetivos", diz Kang. Apesar de independentes, as companhias vão compartilhar áreas como departamento financeiro e de recursos humanos para reduzir os custos.
 
A reestruturação contou com um aporte de R$ 12 milhões dos principais acionistas da companhia, o grupo Unicoba e a Jag Participações e Empreendimentos. Segundo Rafael Siqueira, cofundador do Apontador e, agora, executivo-chefe da empresa, a injeção de capital anterior pelos sócios ocorrera em 2004. "Desde então funcionamos com dinheiro próprio", diz.
 
A LBS não divulga seu faturamento anual. Segundo Kang, são algumas dezenas de milhões de reais. O empresário diz que o objetivo é chegar à marca de R$ 100 milhões em até três anos. "Eu quero antes [disso]", afirma.
 
A LBS tem várias fontes de receita: venda de serviços de localização e rotas a empresas pelo MapLink, cadastro de empresas e serviços nos mapas do Apontador (as chamadas buscas locais), venda de publicidade no Imobox (voltado ao mercado imobiliário) e uma porcentagem dos cupons de compra coletivas vendidos no ApontaOfertas/Regrupe.
 
A história da companhia começa em 2000, com a criação da Mobiminds, de serviços de localização pelo telefone celular. A companhia deu origem ao Apontador, especializado em serviços de mapas e rotas. Em 2008, a empresa fundiu-se ao principal concorrente, o MapLink, dando origem à LBS Local. Em 2010, comprou parte do site Imobox e o site Regrupe. A estratégia, diz Siqueira, era criar uma empresa com atuação em várias frentes do mercado de localização.
 
A ideia de fazer a divisão em quatro empresas distintas surgiu no ano passado. Durante encontros com companhias de capital de risco nos Estados Unidos, em busca de recursos para impulsionar seu crescimento, a LBS foi questionada várias vezes sobre a variedade de segmentos nas quais atuava. Os investidores americanos acharam a estrutura da companhia muito complexa. "Eles queriam poder investir em segmentos específicos, não em toda a empresa. E com a organização que nós tinhamos, isso não era possível", diz Kang.
 
Ao retornar ao Brasil, os sócios deram início ao processo de separação. No meio do caminho, no entanto, eles perceberam que após concluir a mudança ainda seriam necessários pelo menos seis meses para conseguir atrair um investidor estrangeiro. Em vez disso, eles decidiram procurar Unicoba e a Jag para obter uma nova rodada de recursos e acelerar o plano de expansão.
 
O investimento dos sócios, no entanto, não significa que a LBS tenha desistido da ideia de ter mais acionistas. A companhia não está atrás apenas de capital. "Queremos alguém que tenha conhecimento dos mercados em que atuamos, que possa nos indicar quais caminhos seguir e o que não fazer", diz Marco Camhaji, diretor financeiro do Apontador, que assumirá a mesma função nas outras empresas do grupo.
 
Dos R$ 12 milhões investidos pela Unicoba e pela Jag, a maior parte – R$ 10 milhões – foi aplicada no Apontador. De acordo com Siqueira, o serviço é o produto da companhia com maior perspectiva de crescimento de receita nos próximos anos. Com 15 milhões de visitantes por mês, segundo a companhia de pesquisa americana comScore, o site é usado, em média, por dois entre dez internautas brasileiros. Na avaliação do executivo, a tendência de uso de serviços de busca local, principalmente pelo celular, deve explodir no Brasil até 2013. "Nos Estados Unidos, o uso chega a 56%. E nós estamos dois anos atrás deles."
 
Pelo caminho, a companhia terá que enfrentar a competição de empresas como a iniciante brasileira Kekanto – rede social de indicações de estabelecimentos e serviços que recebeu aporte dos fundos Accel Partners e Kaszek Ventures – e os europeus do Qype, que também estão atentos às buscas locais. Para Kang e Siqueira, a experiência acumulada em 11 anos será a arma da companhia.

(Gustavo Brigatto | Valor)

+ posts

Share this post