A mini-vale da ALL

O mercado brasileiro ganhou uma mini-Vale. Na terça-feira 20, a América Latina Logística (ALL), a maior operadora logística do continente, o grupo de mineração e siderurgia Vetorial e a Triunfo, que atua em rodovias, portos e energia, anunciaram a criação da mineradora Vetria. A empresa nasce com investimento de R$ 7,6 bilhões e vai extrair minério de ferro do Maciço do Urucum, em Corumbá (MS). A ALL, comandada pelo executivo Paulo Basílio, será majoritária, com 50,4% do capital (leia mais no quadro ao lado). A Vetria surge com estimativa de faturamento anual de cerca de US$ 3 bilhões a partir de 2016. Trata-se de números muito menores do que os da Vale, que chegaram a US$ 46,5 bilhões, em 2010. Mas já estão em um patamar semelhante ao de outras produtoras nacionais importantes, como a MMX, do empresário carioca Eike Batista. Apesar de ser muito menor do que a Vale, a Vetria, que será sediada em São Paulo, guarda uma semelhança com a segunda maior mineradora do mundo.

Ela também terá controle sobre todo o processo –  produção, transporte e venda do minério de ferro.  “Esse é um diferencial importantíssimo”, afirmou à DINHEIRO Alexandre Santoro, CEO da nova empresa, que há dez anos trabalha na ALL e teve passagens pela Danone e Ambev. “Todos os exemplos de sucesso vieram de empresas com essa integração.” Os principais mercados para a Vetria  são o asiático – Japão, Coreia do Sul e China – e o europeu. A complementaridade dos negócios contribuiu para a aproximação dos três sócios. A Vetorial detém os direitos de exploração da mina. A Triunfo irá providenciar um terreno de 1,9 quilômetro quadrado em Santos, onde será construído um terminal portuário. E a ALL será responsável por gerenciar o uso da ferrovia que liga Corumbá a Santos, da qual tem a concessão. Uma parte dos R$ 7,6 bilhões será usada para melhorar essa interligação ferroviária. 
 
“Hoje,  passam  por ela 3,5 milhões de toneladas”, afirma Basílio, da ALL. “Em 2016, serão 35 milhões.” As principais dúvidas sobre a nova mineradora são a dificuldade para obter licenças governamentais para exploração – o que pode atrasar o cronograma de implantação do projeto – e a queda no preço do minério, com a desaceleração econômica na China e na Europa, conforme relatório da consultoria XP. Santoro não se mostra preocupado com essas questões. “Tanto nossa mina quanto ferrovia já são operacionais, bastará ampliá-las”, afirma o executivo. “O tempo para conseguir essas autorizações será bem menor.” Sobre o preço do minério de ferro, Santoro afirma que a operação da empresa será lucrativa com qualquer valor acima de US$ 80 por tonelada. Na semana passada, estava no patamar de US$ 135. “Dificilmente teremos excesso de produção ou escassez de demanda no mercado mundial”, diz. “Haverá muito espaço para nos posicionarmos.”

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(Marcelo Carvalho l Isto É Dinheiro)

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