Apesar da crise, executivos planejam fazer aquisições

A turbulência econômica e a aversão a riscos estão abalando a economia dos países, mas não a disposição das grandes companhias internacionais de fazer aquisições nos próximos meses. Pelo contrário, cresceu o índice de empresas que pretendem ir às compras, segundo uma pesquisa realizada pela firma de auditoria Ernst & Young com cerca de mil executivos em todo o mundo. A pesquisa revela que 41% dos líderes esperam concretizar uma aquisição nos próximos 12 meses. Em abril, 38% faziam essa afirmação.

Também no Brasil cresceu a intenção das empresas de fazer aquisições: 37% dos entrevistados afirmaram que têm expectativa de comprar uma companhia no próximo ano. Seis meses atrás, esse índice alcançava 28%. Segundo Rogério Villa, sócio da Ernst & Young, países que entraram no radar de investimentos das empresas, como o Brasil, estão puxando para o alto a expectativa de crescimento dos negócios, apesar da crise.

De certa maneira, o apetite está baseado no fato de as empresas se sentirem mais preparadas para enfrentar a turbulência. Uma evidencia disso é o percentual alto de entrevistados, 46%, que afirma que pretende concretizar as aquisições com recursos do caixa, enquanto apenas 33% dizem que farão dívida. Nesse item, o Brasil demonstrou ter mais robustez para fazer negócios: 63% dos executivos brasileiros dizem que usarão o caixa, enquanto 28% pretendem tomar empréstimos.

Segundo Villa, o maior apetite das empresas no Brasil está relacionado à expectativa de crescimento econômico, ainda que de forma gradual. "Desde a crise de 2008, as companhias se prepararam para melhorar processos, geração de caixa, focar no negócio principal, entre outros ajustes."

O Brasil é um dos países mais otimistas. A pesquisa mostra que 71% dos executivos brasileiros disseram que têm expectativa de expansão dos negócios. Isso está fundamentado, de certa forma, na perspectiva de 54% dos entrevistados de melhora gradual da economia brasileira. Na média global, 49% têm expectativa de crescimento dos negócios e apenas 27% preveem melhora gradual do sistema.

"O Brasil é um dos países mais otimistas porque temos vivenciado aqui crescimento real de emprego, de volume de negócios, ascensão das classes sociais, mais pessoas entrando no mercado de trabalho e de consumo", diz Villa. "Não é um otimismo infundado. A maior parte das empresas tem apresentado bons resultados."

Ele acredita que à medida que a crise se alastra o Brasil passa a ser visto pelos executivos de companhias americanas e europeias como um lugar mais seguro para investir. Aqui, 52% dos líderes que participaram da pesquisa afirmam que devem criar mais emprego, enquanto 45% dizem que vão manter os postos de trabalho. Apenas 3% pretendem reduzir o quadro de funcionários. Na resposta global, 49% pretendem manter o nível de mão de obra, enquanto apenas 36% farão contratações e 15% reduzirão os empregados.

(Valor)

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