ESG: somente status ou uma postura a se adotar diante de um mercado em transformação?

Vamos começar respondendo à pergunta já no início deste conteúdo: assim como tantas outras tendências de mercado, o ESG – termo tão em alta nas mais acaloradas discussões sobre o futuro saudável das organizações – precisa ser encarado como uma postura cultural nas empresas, e não somente como mais um “status” que, sem ações concretas, acaba caindo no campo das políticas corporativas vazias.

Dito isso, podemos iniciar nossa análise desse tema, que ganhou destaque no cenário mundial, e uma simples pesquisa na ferramenta Google Trends atesta isso. A curva de pesquisas mensais só cresceu, em especial, nos últimos dois anos. A explicação mais plausível para esse crescimento é a relevância das ações que, juntas, formam os pilares do ESG: cuidado com o meio ambiente, com as pessoas e com o negócio como um todo.

ESG pode ser, então, resumida como uma sigla que abrange um conjunto de ações em prol da sociedade, com o intuito de minimizar o impacto no meio ambiente e implementar boas práticas sociais e de governança corporativa. Nessa perspectiva, a adoção das práticas ESG segue a tendência mundial, já que investidores consideram, cada vez mais, esse critério como fator decisório nos negócios eleitos como foco de investimento. E quando a palavra “investimento” surge, a conversa fica mais interessante, não é? Continue a leitura e saiba mais!

Como saber se uma empresa é ESG?

No fim de 2021, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) alterou algumas regras no Formulário de Referência, impactando a ampliação da exigência de informações sobre os critérios de ESG.

Com essas alterações, a avaliação das práticas ESG seguirá um padrão bem definido, o que resultará em maior credibilidade diante do mercado. É importante registrar que tais mudanças passam a valer somente em janeiro de 2023. Dessa forma, organizações que pretendem seguir as boas práticas ganham fôlego para se adequarem às medidas impostas pelo formulário.

Em meio aos critérios de ESG analisados pela Comissão, é importante dar destaque aos seguintes:

  • Dividir as causas de riscos socioambientais em: questões sociais, ambientais e climáticas. O objetivo é proporcionar mais clareza sobre a necessidade de que todas sejam abordadas.
  • Atender ao requisito de posicionamento do emissor em relação à adoção ou não da matriz de materialidade e indicadores-chave de desempenho para questões ambientais e sociais.
  • Determinar o posicionamento, a pedido do emissor, sobre quais dos objetivos de desenvolvimento sustentável impostos pela Organização das Nações Unidas são importantes neste contexto de negócios.
  • Adotar o “pratique ou explique”: empresas que não divulgarem seus relatórios de sustentabilidade, documentos equivalentes ou indicadores de desempenho serão obrigadas esclarecer o motivo pelo qual não realizam essas práticas.

O que muda para o investidor, quais são as oportunidades?

Uma resposta curta e resumida seria: dar maior poder estratégico para tomada de decisão sobre investir ou não em uma nova oportunidade de negócio. Nesse espectro, existem fundos que se baseiam nos critérios ESG e em outros índices de sustentabilidade para decisão de investimentos, como: 

ISE B3 (Índice de Sustentabilidade Empresarial): Índice elaborado pela Bolsa de Valores Brasileira (B3), com 15 anos de atuação, que lista companhias cujas estratégias são orientadas por critérios socioambientais e de governança. Esses critérios foram recentemente reformulados para ficarem mais alinhados com as tendências do mercado e melhores práticas internacionais.

Índice S&P/B3 Brasil: É um índice recém-criado que procura medir a performance de títulos que cumprem critérios de sustentabilidade e é ponderado pelas pontuações ESG da S&P DJI (Dow Jones Index). O índice exclui ações com base na sua participação em certas atividades comerciais, no seu desempenho em comparação com o Pacto Global da ONU (UNGC em inglês) e também em empresas sem pontuação ESG da S&P DJI.

Além disso, é possível atuar no mercado de capitais por meio dos chamados “títulos temáticos”, que podem ser emitidos por empresas, governos e entidades multilaterais com o propósito de destinar recursos a projetos ou ativos que proporcionem benefícios ambientais, podendo ser eles: 

Títulos verdes: voltados a energias renováveis e à sua transmissão, eficiência energética, prevenção ou controle de poluição; uso sustentável do solo; preservação da biodiversidade terrestre e aquática; transporte de baixo carbono, entre outros fins. 

Títulos sociais: voltados para projetos que ajudem no enfrentamento de questões relacionadas com saúde, moradia, educação, entre outros temas. Contemplam ações que promovem ou geram empregos, incluindo a redução da desigualdade de renda, entre outras.

Títulos atrelados a metas sustentáveis: metas para ampliação de diversidade no quadro de colaboradores ou na liderança; obtenção de certificações ou qualificações específicas relacionadas com sustentabilidade; entre outras metas que reflitam compromissos ESG.

Como acompanhar a tendência ESG em 2022?

Com o impacto das mudanças ocorridas no fim de 2021, existem cinco tendências que devem estar no radar do investidor que pretende usar o ESG como baliza para investimentos em 2022 e nos anos seguintes:

  • As mudanças climáticas relacionadas com emissão de gases do efeito estufa. Essa discussão ganhou força após a COP26, que ocorreu no fim de 2021.
  • Créditos de carbono: no Brasil, existe um projeto de lei (PL nº 528/21) que tem por objetivo regulamentar o mercado brasileiro de redução de emissões. O projeto já está aprovado pela Câmara de Deputados e segue em análise no plenário. 
  • A diversidade e a inclusão sob a ótica do pilar ‘S’, que vem ganhando cada vez mais força.
  • Avanços na regulamentação com as iniciativas propostas pela CVM, mas  novas ações podem ser propostas em relação a essa temática.
  • A padronização da regulamentação vai ocorrer por conta própria ou por meio de novas regulamentações e parâmetros definidos neste ano de 2022.

Adicionamos aqui uma sexta tendência: a privacidade e a segurança de dados, a fim de evitar o megavazamento de informações sensíveis de corporações ou de pessoas físicas.

Para finalizar, os dados falam por si: números do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), compilados em 2021, mostram que 74% das empresas com ações na Bolsa planejam aumentar o orçamento destinado a ESG em 2022. 

Assim, as empresas que implementam e divulgam suas práticas ESG ganham posições importantes na corrida pelos investidores e clientes, assim como diante dos stakeholders.

Vale lembrar aqui que a Apsis Consultoria ajuda você e a sua empresa num mapeamento de perfil capaz de mostrar exatamente em que patamar a companhia está em questões ambientais, sociais e de governança. Desse modo, sua empresa pode iniciar sua jornada na trilha ESG de forma organizada e com um planejamento de longo prazo, com métricas confiáveis e auditáveis. 

A partir dessa avaliação, você vai entender o atual momento da empresa e as oportunidades para o seu negócio ainda em 2022. Entre em contato conosco e agende uma apresentação

+ posts

Share this post