Avaliadores de negócios terão orientações sobre melhores práticas

Comitê da Anefac congrega principais empresas do mercado de avaliação para estruturação dos documentos e estratégia de adesão

A Anefac – Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade tem uma nova iniciativa pioneira em desenvolvimento: a estruturação de um conjunto de orientações para os avaliadores de negócios. Os documentos e a estratégia para adesão dos agentes do mercado estão sendo realizados pelo CBAN – Comitê Brasileiro de Avaliadores de Negócios da entidade. Para Ana Cristina França de Souza, diretora do comitê e sócia-diretora da Apsis Consultoria, o contexto atual de desenvolvimento da atividade demanda um alinhamento de posturas profissionais com a unificação de padrões nacionais na prática da avaliação. Este movimento já é realizado internacionalmente, na medida em que a emissão de padrões contábeis IFRS é acompanhada de perto por órgãos normalizadores de avaliação, como o International Valuation Standards Council (IVSC), referência internacional nas avaliações destas bases contábeis.

Além de não existir no Brasil um órgão que adapte estes padrões internacionais de avaliação emitidos pelo IVSC, uma organização profissional pode ajudar a suprir algumas lacunas educacionais: o fato de não haver oferta de formação acadêmica especializada, da literatura técnica atualizada ser restrita e em língua estrangeira, e das normas brasileiras existentes serem ainda muito focadas em avaliações de ativos tangíveis.
“A proposta do CBAN é orientar profissionais, promover a consolidação e o compartilhamento das melhores práticas em avaliação de negócios com referência no cenário internacional e colaborar com o mercado, oferecendo suporte técnico aos avaliadores, bem como promover uma melhor comunicação e cooperação entre as diversas sociedades de avaliação internacionais”, ressalta Ana Cristina.

Integram o CBAN da Anefac, representantes das maiores e mais importantes empresas do mercado, como PwC, Apsis Consultoria, Ernst Young & Terco, Serasa Experian, Vale s.a., TAESA, Z3M, PP&C Auditores, Actual Ventures, Matos e de Lucca Consultoria Empresarial, Gaia Silva Gaede Advocacia e Cons. Jurídica, BKR Lopes Machado entre outras. Foram dois encontros até agora, sempre replicados no Rio de Janeiro e em São Paulo. A partir de fevereiro o grupo de trabalho se reunirá mensalmente para elaboração dos documentos, com encontros trimestrais de divulgação e informes dos trabalhos e palestras.

O mercado de avaliação de empresas, de marcas, negócios imobiliários, ativo imobilizado e sustentabilidade corporativa cresce de forma exponencial. Levantamento do CBAN estima que o volume das operações de fusões e aquisições cresceu 66% de 2009 a 2011, chegando a 501 transações até novembro de 2011, apenas tomando-se como referência as informações divulgadas pelas companhias abertas brasileiras.

Efeito IFRS

A adesão do mercado brasileiro ao padrão contábil internacional (IFRS) foi outro indutor do crescimento da atividade dos avaliadores de negócios, por conta das alterações provocadas na avaliação de ativos intangíveis e nos aspectos relacionados ao Fair Value (valor justo). “Há uma necessidade de padronização dos processos, metodologia e critérios sobre as melhores práticas de avaliação com interpretação alinhada ao padrão IFRS”, diz o diretor do comitê, Luiz Paulo Silveira.

Aliados a este crescimento, as recentes discussões sobre governança corporativa capitaneadas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e pelo Comitê de Fusões e Aquisições (CAF) só aumentam a demanda por processos de avaliação alinhados com normas, metodologias e práticas internacionais.

O Brasil se encontra bastante defasado neste aspecto. Nos Estados Unidos, a primeira associação profissional de avaliadores data de finais do século XIX (1). A American Society of Appraisers (ASA), uma das mais tradicionais, foi fundada em 1936. No Canadá, embora desde 1971 exista o Canadian Institute of Chartered Business Valuators (CICBV), em 2000 formou-se o International Association of Consultants, Valuators and Analysts (IACVA), voltado para a formação profissional dos avaliadores e com vocação internacional.

Além deste contexto histórico, há que se considerar também uma conjuntura de tendência internacional para formação de associações profissionais de avaliação. A formação do International Institute of Business Valuers (IIBV), em 2010, é uma união entre a ASA e o CICBV para promover a profissionalização dos avaliadores de negócios no mundo inteiro. O Fédération Française des Experts en Evaluation (FFEE) foi formado ao final de 2010, por uma iniciativa dos analistas do mercado financeiro francês e reúne quatro sociedades de avaliação francesas preexistentes. No mês passado, formou-se o  Organismo Italiano di Valutazione (OIV) (2), com a mesma perspectiva, quase sempre alinhados e patrocinadores do IVSC.

O CBAN definiu como estratégias principais de atuação: tornar-se referência nacional das práticas de avaliação – correlação entre as normas internacionais de contabilidade (IFRS) e as normas internacionais de avaliação (IVSC); promover o desenvolvimento da profissão de avaliador, considerada uma tendência em todos os países; e alinhar as diretrizes técnicas e éticas do CBAN com as melhores práticas de governança corporativa. Já encontram-se em audiência duas orientações do CBAN: a OCBAN 01, que detalha objetivos e plano de ação, e a OCBAN 02, que aborda a conduta ética recomendada aos profissionais de avaliação.

Entenda Avaliação de Negócios

O que é a atividade

Avaliação de Negócios: processo de reunião de dados e informações sobre o objeto da avaliação e seu mercado, que, juntos, analisados e modelados, permitem ao avaliador estimar seu valor provável, em função das suas características específicas, da situação mercadológica na data base e da finalidade da avaliação.

Quem atua

Avaliadores de negócios são pessoas treinadas e qualificadas em prover estimativas de valor baseadas nas abordagens e metodologias de avaliação apropriadas a cada tipo de objeto e propósitos. Um avaliador deve possuir um vasto conhecimento do mercado e desenvolver uma análise global voltada para a determinação dos valores em questão. Geralmente apresentam suas avaliações em formato de um laudo escrito.
É uma atividade multidisciplinar que demanda preparo técnico do profissional nas abordagens de avaliação existentes e uma educação continuada. Os profissionais atuantes geralmente possuem curso superior em engenharia, contabilidade, economia ou administração de empresas, embora outras formações profissionais também sejam possíveis.

No Brasil, a atividade é exercida por empresas especializadas, departamentos de grandes empresas e profissionais liberais (peritos).

Porque são importantes

Subsídio para tomadas de decisão em processos de compra e venda, atendimento às legislações societária, fiscal e contábil, estudos de viabilidade de projetos (Business Plan), busca de investidores e financiamentos, Joint Ventures (valorização de aportes de capital de ativos intangíveis e tangíveis), medição do valor do negócio ou projeto com foco no desenvolvimento sustentável (patrimonial, ambiental, social, governança corporativa), avaliações de desempenho operacional e estratégico.

NOTAS
(1) Cf. Edmund Leet, The History of the American Society of Appraisers, Washington D.C., 2001, p. 5. Disponível em: http://www.appraisers.org/Files/Main%20site%20public%20side%20PDF%20files/History.pdf Acesso em 8/12/2011.
(2) Cf. Barbara Weisz, Nasce l’organismo italiano di valutazione , Manager Online, 1 dezembro de 2011, disponível em: Acesso em: 8/12/2011.

Acompanhe o CBAN pelo blog  http://blogrio.anefac.com.br/?p=418
 

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