BB acelera Banco Postal e quer 2 milhões de contas este ano

Desde 2 de janeiro, instituição já conseguiu mais de 100 mil correntistas nos Correios.

O Banco do Brasil espera atingir até o final do ano a marca de 2 milhões de contas abertas nas "agências" do Banco Postal, sob sua administração desde o dia 2 de janeiro.

Mantida essa toada, a instituição pública poderá angariar mais clientes do que o Bradesco, que em dez anos conseguiu cerca de 11 milhões de correntistas nos correspondentes bancários instalados nas dependências dos Correios.

"Pretendemos chegar nos 2 milhões até dezembro. O Banco Postal nos leva a lugares que não tínhamos clientes", explica o vice-presidente de Varejo e Distribuição do BB, Dan Conrado.

Ao disputar e vencer o leilão que dava o direito de explorar o serviço, após um lance de R$ 2,3 bilhões, os executivos da instituição pública afirmaram que o principal objetivo era melhorar a rede de atendimento aos atuais clientes, em especial os de menor renda, e não competir por novas contas.

Entre as informações divulgadas à época (o leilão foi realizado em 31 de maio de 2011) estava a intenção de conquistar entre 9 e 10 milhões de clientes nos cinco anos iniciais de administração do Banco Postal – o contrato pode ser renovado por mais cinco -, mas com um ritmo lento nos primeiros meses, segundo falou na ocasião ao Brasil Econômico o então vice-presidente de Varejo, Alexandre Corrêa Abreu – hoje vice de Novos Negócios.

Agora, o discurso é outro. Além da estratégia agressiva de abertura de contas logo no início da operação, o BB espera também oferecer mais produtos e serviços às pequenas e médias empresas que buscam atendimento no Banco Postal.

"Além disso, temos mais de 50 milhões de clientes, mas nem todos são correntistas. Eles podem optar por abrir uma nas agências dos Correios", explica Conrado.

Todo o empenho do banco público em diversificar os serviços e angariar novos clientes na rede do Banco Postal pode ser justificada pelo desembolso de R$ 2,3 bilhões.

O Bradesco, em 2001, pagou R$ 200 milhões para iniciar a operação, além de investimentos em tecnologia estimados na época em menos de R$ 15 milhões.

Na avaliação de analistas, ao angariar esses clientes, basicamente de menor renda, o banco está focando na migração social desse público no médio prazo. Ainda assim, não está claro em quanto tempo ou quantas contas são necessárias para que o investimento bilionário se pague.

"O BB quase não divulgou informações sobre o plano de negócios para o Banco Postal na ocasião do leilão (realizado ao final de maio do ano passado). Não se sabe a conta que fizeram para chegar ao valor pago e não informaram em quanto tempo terão retorno sobre o investimento", diz o profissional.

Para a analista chefe da Ativa Corretora, Luciana Leocádio, o mais difícil para o BB neste momento é conseguir dosar o que pode ser explorado nesse público que busca atendimento no Banco Postal, muitas vezes de baixa renda. Isso porque taxas e tarifas podem desincentivar a utilização.

"Tem que saber cobrar, mas aos poucos o BB vai agregar mais valor ao Banco Postal", acredita, acrescentando que o número de contas que devem ser abertas é relevante, uma vez que é um dos vetores do crescimento de uma instituição financeira.

Já João Augusto Salles, da Lopes & Filho Consultoria, a aposta na captação de clientes de baixa renda com o Banco Postal, dará resultados entre o curto e médio prazo.

"O BB comprou o direito de acessar esses clientes nas lojas dos Correios. A baixa renda é um segmento de maior risco, mas que tende a acompanhar a ascensão da economia brasileira", diz.

(Ana Paula Ribeiro l Brasil Econômico)

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