BB Previdência vai esquentar disputa de fundos de pensão

Produto do BB que atende a mais de uma empresa busca liderança e terá que desbancar HSBC, Itaú e MetLife.

A briga entre grandes bancos pela liderança do mercado de fundos de pensão que agregam funcionários de mais de uma companhia, chamados fundos multipatrocinados, promete ficar acirrada. O BB Previdência, do Banco do Brasil, quer chegar ao topo desse segmento em até quatro anos e, para isso, precisa desbancar Itaú Unibanco, MetLife e o líder HSBC.

"Queremos crescer 30% anuais nos próximos quatro anos. Se atingirmos nosso objetivo, alcançamos a liderança desse mercado em 2016", diz Janio Macedo, diretor-presidente da BB Previdência.

No ano passado, a fundação registrou avanço de 34% em ativos sob gestão, resultado da incorporação do patrimônio líquido de entidades fechadas de previdência complementar que faziam a gestão dos recursos "dentro de casa".

Ainda segundo Macedo, a migração de patrimônio para fundos multipatrocinados deve sustentar o avanço desse mercado nos próximos anos.

"O ingresso de funcionários de empresas que já oferecem o benefício e ainda não usufruem, aliado à maior adesão de novas empresas, também deve contribuir para o avanço do sistema", acredita.

O HSBC, líder absoluto desse segmento com mais do dobro do patrimônio líquido do segundo colocado, também aposta no ingresso de novas empresas para manter a posição.

"Aproximadamente 70% das patrocinadoras que captamos em 2011 eram estreantes no sistema de previdência complementar fechado", destaca Fu Hai, executivo-sênior da HSBC Seguros. "No ano passado, a maior demanda veio de empresas do setor de óleo e gás. Mas isso é bastante variável", completa.

Entretanto, não são todas as empresas que se encaixam no perfil procurado por fundos multipatrocinados. "As micro e pequenas empresas não têm condições de bancar um fundo de pensão. Neste caso, o custo-benefício fica bastante prejudicado", pondera o executivo-sênior da HSBC Seguros.

Levantamento da consultoria Mercer aponta que empresas que somam contribuições anuais de até R$ 1 milhão devem optar pela previdência complementar aberta (PGBL e VGBL).

Já patrocinadoras de pequeno e médio porte, que somam aportes anuais entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões devem ir para fundos multipatrocinados, enquanto empresas de médio e grande porte, que somam contribuições anuais acima de R$ 2 milhões devem fazer a gestão dos recursos dentro de casa.

Oportunidades

Outro cenário que propicia o crescimento do mercado de fundos multipatrocinados é a cisão de empresas.

"O número de grandes companhias – com fundos de pensão já constituídos – que negociam unidades de negócios com outras empresas cresceu nos últimos anos. Neste caso, a alternativa à empresa resultante são fundos de pensão multipatrocinados", ressalta Carolina Wanderley, consultora sênior de previdência da consultoria Mercer.

A MetLife também enxerga nessas operações boas oportunidades de crescimento. "Esse movimento tem avançado nos últimos anos e representa mais uma frente de atuação", diz Mauricio Almeida, gerente comercial de previdência corporativa da MetLife.

No ano passado, o segundo maior fundo de pensão multipatrocinado brasileiro registrou o ingresso de três novas patrocinadoras, sendo que duas faziam a administração dos recursos de forma própria e optaram por terceirizar.

"Queremos dobrar o número de novas empresas este ano quando comparado a 2011, assim como o número de participantes", completa Almeida, lembrando que as três patrocinadoras que ingressaram no fundo de pensão da MetLife agregaram 350 participantes aos 29 mil funcionários ativos.

Fatores macroeconômicos também levam pequenas fundações a optar pelo multipatrocínio. A Mercer acredita que os investidores esperarão maior disciplina daqueles que empregam seu capital e procurarão garantir que os agentes não extraiam ganhos injustos. "A eficiência e a relação entre custo e benefício serão lemas importantes", aponta a consultoria.

(Vanessa Correia l Brasil Econômico)

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