BP adquire a fatia que faltava na Tropical por R$ 118 milhões

A BP (British Petroleum) finalizou ontem duas operações de compra de participação de usinas sucroalcooleiras no Brasil. A principal delas foi a compra dos 50% restantes da usina Tropical, de Edéa (GO), por R$ 118 milhões. A outra, foi o aumento de sua fatia de 83% para 90% na CNAA (Companhia Nacional de Açúcar e Álcool) que tem duas unidades em operação nos Estados de Minas Gerais e Goiás.

A petroleira britânica, que já detinha 50% da usina Tropical, assinou ontem a compra da fatia de 25% da LDC SEV, braço sucroalcooleiro da francesa Louis Dreyfus Commodities, e dos outros 25% da Maeda, subsidiária da Brasil Ecodiesel. Com isso, assumiu o controle da usina que tem capacidade para processar 2,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra e produz açúcar e etanol.

Segundo fontes do mercado, o negócio foi fechado por valor equivalente a R$ 200 por tonelada de cana de capacidade instalada.

Procurada, a BP não comentou. A petroleira deve divulgar hoje na bolsa de Londres, onde tem capital aberto, comunicado informando as transações e anunciando investimentos nas usinas brasileiras, o que deve incluir projetos de cogeração de energia com bagaço de cana.

Pelo contrato de compra e venda da Tropical, assinado na noite de ontem, a BP também vai incorporar as dívidas da usina, que segundo avaliações do mercado, estão próximas de R$ 230 milhões.

O vice-presidente da LDC-SEV, Christophe Akli, confirmou ontem ao Valor a venda da fatia na Tropical e também da participação na CNAA para a BP. Ele não informou o percentual e nem o valor da segunda operação.

Esclareceu que as duas transações faziam parte de um acordo feito com bancos credores na época de incorporação da Santelisa Vale, em 2008, para redução do endividamento. Akli acrescentou ainda que as usinas não estavam em sinergia com os outros quatro clusters sucroalcooleiros operados pela empresa, que tem dez usinas no Centro-Sul do país.

José Carlos Aguilera, presidente da Brasil Ecodiesel, controladora da Maeda, afirmou que a venda da Tropical foi feita porque, além de o etanol não estar no foco da empresa, a atividade principal, que é produção de grãos, está neste momento em larga expansão. Com a incorporação da Vanguarda, este mês, a área cultivada com grãos e fibras vai crescer de 85 mil hectares na safra 2010/11 para 285 mil hectares. "A venda do ativo de cana vai capitalizar essa expansão em produção de alimentos e fibras", afirma Aguilera.

Adquirida em 2008 pela BP, a participação de 50% na Tropical foi por mais de dois anos a única presença da petroleira em biocombustíveis no Brasil. Isso mudou em março deste ano quando a companhia comprou, por US$ 680 milhões, 83% das duas usinas da CNAA. A aquisição também incluiu o projeto de uma usina em Campina Verde (MG).

(Fabiana Batista | Valor)

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