Brasil assume operações da Rhodia

A Rhodia elegeu o Brasil e a China para serem as bases de importantes áreas da companhia no mundo. Em entrevista ao Valor, Jean-Pierre Clamadieu, executivo-chefe e presidente do conselho do grupo químico, contou que a matriz francesa promoveu uma reestruturação e decidiu desmembrar de seis para 11 as divisões de negócios da empresa, que terá o país à frente de duas dessas operações.

A partir do dia 1º de julho, o Brasil será responsável pelas divisões de fenol (utilizado para produção de resinas) e solventes, área que responde por 50% da receita da Rhodia no país, e também pelo segmento de fibras (fios industriais). "Vamos investir US$ 200 milhões no país nos próximos três anos. Esse valor, que não inclui aquisições, será para promover o crescimento orgânico da companhia no Brasil", disse Clamadieu.

As aquisições também fazem parte da estratégia mundial da Rhodia. Clamadieu afirmou que esse movimento de consolidação é o caminho mais rápido para a expansão do grupo. "Fomos atingidos pela crise financeira global. Registramos o pior primeiro trimestre da história em 2009, mas encerramos o quarto trimestre do mesmo ano no positivo", disse.

Passada a fase turbulenta por conta da crise, a Rhodia agora planeja seu crescimento. Para isso, a companhia decidiu reestruturar seus negócios. O Brasil ficará responsável por duas divisões, a China responderá por uma, os Estados Unidos por outras duas e, a Europa, as seis restantes.

A estratégia será descentralizar da matriz as responsabilidades e eleger os países com melhor performance para expandir os negócios. "Brasil e China são países com poder de fogo forte", disse.

Antes dessa reestruturação, as divisões de fenol/solventes e fibras estavam sob o guarda-chuva da área de poliamidas (plásticos e fios sintéticos) do grupo. A China responderá por terras raras (minerais para produção de insumos químicos utilizados, por exemplo, em telas de cristal líquido e de plasma). As seis áreas atuais da Rhodia são poliamidas, novecare (ingredientes químicos para produtos de limpeza e cuidados pessoais), silcea (sílica, terras raras e difenóis), acetow (cabo acetado para filtro de cigarro), Rhodia Energy (cogeração e geração de energia) e Ecoservices (regeneração de ácido sulfúrico). Clamadieu não detalhou o nome das outras novas divisões.

No país, a unidade de fenol e solventes será coordenada pelo executivo Vincent Kamel e a de fibras por Marcos De Marchi, atual presidente para América Latina.

As fábricas de fenol e solventes estão instaladas no complexo industrial do grupo, em Paulínia (SP). As unidades da área de fibras estão em Santo André (Grande São Paulo) e Jacareí (SP). A companhia tem contrato de longo prazo com a Braskem (o acordo anterior era com a Unipar) para a compra de cumeno (matéria-prima para a produção de fenol). A produção anual desse insumo gira em torno de 200 mil toneladas e a de solventes em torno de 300 mil toneladas, dos quais 40% são exportados. O solvente é absorvido pelas indústrias tintas, vernizes e couros.

A Rhodia também é a maior compradora de etanol para fins industriais no país. Nesse quesito, Clamadieu reafirmou o interesse da múlti em investir em cogeração de energia a partir da biomassa para abastecer suas unidades no mundo. O Brasil deverá ter investimentos nesse sentido, que inclui pesquisas em tecnologia para produção de etanol, mas o executivo não quis dar mais detalhes.

No mundo, o faturamento global da companhia foi de € 4,03 bilhões. O Brasil registrou receita de US$ 1,03 bilhão. No primeiro trimestre, a receita global da Rhodia foi de € 1,176 bilhão, alta de 23% sobre igual período de 2009. O lucro no período ficou em € 69 milhões.

(Mônica Scaramuzzo | Valor)
 

 

 

 

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