Caoa dobra rede e se cacifa para o jogo com a Hyundai

Coreana inaugura fábrica em São Paulo este ano e pode iniciar processo de separação com grupo brasileiro.

O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador do grupo Caoa, parece já prever o fim da parceria com a Hyundai. A montadora coreana investiu sozinha na fábrica que inaugura em novembro em Piracicaba, no interior de São Paulo.

Para preparar o terreno e garantir que não haverá um divórcio abrupto, a exemplo de outros rumorosos casos no setor, a Caoa praticamente dobrou o número de concessionárias com a bandeira Hyundai em 2011 e, segundo o mercado pode pleitear importação de novas marcas.

Depois de 14 anos trazendo veículos da Hyundai com exclusividade para Brasil, o Grupo Caoa pode não debutar na parceria com a montadora. Fontes do mercado dizem que o contrato das empresas deve se encerrar no fim de 2013 e que mesmo com a opção de prorrogação, a coreana deve seguir o caminho sozinha.

Para garantir que o casamento não acabe sem deixar frutos, a Caoa vem reforçando sua presença na área de vendas. Atualmente 91 das 201 concessionárias da Hyundai no país pertencem ao grupo.

Somente no último ano, a Caoa angariou 42 novas lojas e já iniciou 2012 com a tomada de mais um ponto de venda. A decolagem da Caoa não partiu da abertura de pontos novos e sim da compra de lojas de concessionários da rede.

Negócios com Buffet

A Caoa quer aproveitar a ampla rede de distribuição para ampliar o portfólio de modelos da própria Hyundai – atualmente são apenas 9 modelos. A iniciativa da companhia pode ser uma precaução para evitar a repetição do episódio com a Renault, que também tinha parceria com o grupo Caoa e depois de se instalar no país abandonou o negócio.

Outra blindagem cogitada pela Caoa seria a nomeação de novas marcas para importação. A chinesa BYD, que tem o bilionário americano Warren Buffet entre os acionistas, seria um dos nomes cotados para uma nova parceria.

A tomada de poder da Hyundai parece já ter sido silenciosamente iniciada no segundo semestre de 2011. Segundo fontes, a maioria dos concessionários fora do Grupo Caoa já negocia as importações diretamente com a Hyundai. No entanto, as duas empresas afirmam que estão em um processo de gestão compartilhada, onde qualquer uma das partes fica impossibilitada de tomar uma decisão sem consultar o outro lado.

Sendo assim, o poder da Caoa de nomear concessionários, que antes era ilimitado, fica reduzido e terá de passar pelo aval da empresa coreana.

O elo entre as companhias ainda vai além da tomada conjunta de decisão. Pelo menos até que a fábrica de Piracicaba – que demandou aporte de R$ 1 bilhão – inicie as operações, a Caoa ainda é a importadora oficial da marca no país.

Além disso, o grupo é detentor de uma unidade fabril em Anápolis (GO), que é responsável pela montagem de três veículos da Hyundai – o utilitário esportivo Tucson e os comerciais leves HR e HD78.

A nova unidade fabril da Hyundai será responsável pela montagem de um compacto específico para o mercado brasileiro, chamado provisoriamente de HB. O modelo deve concorrer diretamente com Fiat Palio, Volkswagen Fox e Renault Sandero.

Gradativamente, a montadora pretende lançar mais dois modelos fabricados sob a mesma plataforma. Em 2013, deve ser lançada uma versão sedã do HB e, em 2014, um utilitário esportivo, do porte de modelos como o Ford EcoSport e o Renault Duster.

(Michele Loureiro l Brasil Econômico)

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