Cerradinho prepara-se para nova onda de investimentos

Após vender suas duas usinas paulistas para a trading asiática Noble Grouppor R$ 600 milhões mais repasse de R$ 1 bilhão em dívidas, a Cerradinho Holdingse prepara para retomar os investimentos iniciados antes da crise, entre 2006 e 2007, na produção de etanol e de energia em sua unidade no Centro-Oeste do Brasil.

Já em 2011, quando estará menos endividada e com dinheiro em caixa, a empresa pretende tirar da gaveta dois projetos estratégicos para a nova fronteira da cana e, com eles, retornar aos mesmos patamares de ativos anteriores à venda para a trading asiática.

O plano, explica João Nogueira Batista, conselheiro da Cerradinho Holding, é investir R$ 1,38 bilhão em um horizonte de sete anos. O primeiro passo é ampliar a capacidade da usina já em operação, a Unidade Porto das Águas, localizada na cidade goiana de Chapadão do Céu. O segundo, mais no médio prazo, é construir na mesma localidade uma nova usina a partir do zero.

"O ”business plan”, que deve ser financiado em 60% com recursos de terceiros, inclui ainda aportes de R$ 230 milhões em manutenção da operação ao longo desses sete anos", acrescenta Nogueira. No plano final, o complexo goiano deverá atingir na safra 2017/18 uma capacidade de moagem de cana de 9,6 milhões de toneladas.

A ideia é dar início ao projeto já em 2011 com a expansão da Porto das Águas para 4,8 milhões de toneladas de capacidade, ante as atuais 3,3 milhões de toneladas. Inaugurada em 2009, essa usina deve receber investimentos de cerca de R$ 200 milhões para operar com capacidade total em 2014/15.

"São investimentos muito competitivos, pois aplica-se pouco recurso para o aumento de capacidade. O valor, que contempla os projetos industrial e agrícola, pode ainda ser reduzido se for usada cana-de-açúcar de terceiros", diz Nogueira.

O executivo, que liderou o processo de venda da Cerradinho nos últimos 12 meses – incluindo a virada nas negociações da BPpara a Noble – afirma que a segunda fase da expansão será a construção de uma outra unidade, que também estava na gaveta.

A futura planta, que já tem terreno próprio, deve demandar aportes de R$ 950 milhões para processar 4,8 milhões de toneladas de cana. O plano inicial é começar sua construção em 2015/16 e concluir em 2017/18. Os dois projetos contemplarão cogeração de energia com bagaço de cana. A usina Porto das Águas (GO) já tem capacidade para cogerar 70 megawatts hora (MWh)de energia e, com a ampliação vai para 120 MWh. O novo greenfield vai elevar essa produção para 240 MWh.

Nogueira explica que a ideia de investir no Centro-Oeste já existia por parte da Cerradinho, mas a condição para retomar esse projeto só foi criada agora. A empresa tinha três usinas sucroalcooleiras e uma dívida de R$ 1,3 bilhão. Após negociações de quase seis meses com a BP (ex-British Petroleum) para vender 50% das três unidades, a empresa resolveu, em três a quatro dias, fechar o negócio com a trading de Hong Kong, que praticamente dobrou sua participação em processamento de cana.

Além da usina Porto das Águas, também ficou de fora da operação com a Noble o terminal de transbordo ferroviário Porto das Águas.

(Fabiana Batista | Valor)

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