Cocamar negocia fusão com Corol e Cofercatu no PR

A estrutura da Cocamar, de Maringá, no noroeste do Paraná, pode ser reforçada por ativos e associados de outras duas cooperativas do Estado. Além da negociação com a Corol, de Rolândia, a direção mantém conversas com representantes da Cofercatu, de Porecatu. No caso da Corol, foi encomendado estudo de viabilidade e convocada assembleia extraordinária para 11 de junho, para que o projeto de união seja apresentado aos cooperados.

Tanto Corol como Cofercatu ficam no norte do Paraná e enfrentam problemas financeiros. No começo do ano, enquanto tentava renegociar dívidas de R$ 360 milhões, a direção da Corol passou para outra cooperativa, a Integrada, de Londrina, três unidades de recebimento de grãos, por R$ 20 milhões. A Cofercatu vendeu no mês passado sua usina de álcool para o grupo Alto Alegre.

A Cocamar enfrentou dificuldades no fim dos anos 90 e conseguiu se reestruturar. Agora, de acordo com seu presidente, Luiz Lourenço, tem em mãos outro grande desafio. "A vontade de que o negócio saia existe, mas é preciso ter cautela e aguardar o estudo de viabilidade", diz. A análise da operação, que começou há 20 dias e deve levar mais 40 dias para ser concluída, está sendo tocada pelo consultor Valdemir Campelo, que já havia prestado serviços à Cocamar.

Lourenço não gosta de falar das dificuldades do passado. "O endividamento era horroroso, mas percebemos o problema em tempo de resolvê-lo", comenta. Segundo ele, a Cocamar e a Corol já tinham trabalhado juntas na comercialização de grãos. "Estamos falando em fusão, incorporação ou outra forma legal de unir as duas", explicou.

Caso o negócio seja fechado, devem ocorrer mudanças na Corol. "Provavelmente alguns ativos serão vendidos", adianta. Segundo Lourenço, o que interessa para a Cocamar é agregar o que já faz parte de sua estratégia, como grãos (soja, trigo e café), laranja e venda de insumos. A Corol tem uma destilaria e planejava entrar em carnes, duas áreas que não estão nos planos da cooperativa de Maringá, que vendeu sua usina de álcool em 2005.

Lourenço comentou que não pretende usar o caixa para pagar dívidas das outras cooperativas. "Vamos negociar." Com 6,1 mil cooperados, a Cocamar teve receita bruta de R$ 1,4 bilhão em 2009. Em 2010, vai investir R$ 40 milhões em armazéns. A Corol faturou cerca de R$ 600 milhões no ano passado e conta com 7,5 mil associados.

Sobre a Cofercatu, o executivo confirmou que foram realizadas reuniões para tratar de uma união. "É possível que também aconteça, mas em outro momento", diz. Trata-se de uma operação menor. A Cofercatu tem 800 cooperados e, após a venda de sua usina, continua atuando com grãos.

Lourenço acredita que outros negócios entre cooperativas podem acontecer no Paraná, além das que ocorreram recentemente. Em meados de 2009, a C.Vale, segunda em faturamento no Estado (posição que pode perder, caso a Cocamar se una às outras duas), arrendou a estrutura da Coopermibra, que fica em Campo Mourão, sede da Coamo. O contrato é de 10 anos e existe a opção de compra ou prorrogação. A Coamo, maior do Estado, foi a primeira a fazer negócios, ao alugar em 2009 a estrutura da Coagel, que também enfrentava dificuldades financeiras.

(Marli Lima | Valor)
 

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