Eike, o minoritário

O empresário Eike Batista está prestes a aceitar abrir mão do controle de uma de suas empresas.

O empresário Eike Batista, controlador do grupo EBX, conseguiu atrair investidores nacionais e estrangeiros para os seus negócios com uma receita simples. Em suas próprias palavras. “Busco sócios com conhecimento técnico e capital para investir”, disse ele, em entrevista à DINHEIRO, no ano passado. “Não admito ter menos de 70% do controle.” Essa regra do mundo X pode estar sendo reescrita. Pelo menos no caso da MPX Energia, dona de usinas termelétricas e concessões para exploração de gás. Seu controle está prestes a passar para as mãos da alemã E.ON, a maior empresa de energia da Europa, com receitas anuais de € 112 bilhões.

Eike e a E.ON, comandada por Johannes Teyssen, são velhos conhecidos – os alemães já são sócios da MPX. A parceria começou em janeiro de 2012, quando a E.ON adquiriu 11,7% da companhia de energia por R$ 850 milhões. Agora, ela quer assumir uma fatia maior. De acordo com pessoas próximas aos negociadores, a transação deveria ter sido sacramentada na semana passada. Mas, devido aos diversos detalhes que envolvem um contrato desse porte, ainda deve demorar alguns dias, ou até semanas, para ser sacramentada. “Eike e os alemães já se comprometeram e até apertaram as mãos, selando a venda”, disse a fonte.

“Faltam apenas acertar filigranas jurídicas.” No total, Eike poderá embolsar até R$ 3 bilhões com o negócio. Segundo interlocutores do bilionário, ser minoritário na MPX é visto por Eike como um mal menor. Com quatro termelétricas em operação, com capacidade instalada de 1.058 megawatts, a empresa ainda se encontra em fase pré-operacional. Em 2012, obteve uma receita líquida de R$ 490,9 milhões. Como a MPX tem uma dívida líquida de R$ 5,47 bilhões, a maior do mundo X, a transação resolveria dois problemas de Eike. Primeiro injetaria recursos no caixa do grupo. Depois, reduziria sua exposição ao risco.

O negócio liberaria o empresário para recolocar nos trilhos a petrolífera OGX. “Essa divisão foi a responsável pela crise de confiança vivida por ele”, afirmou uma pessoa próxima a Eike. “É com a OGX que ele pretende recuperar o prestígio no mercado.” O empresário e o mercado não vivem mais em lua de mel. Essa relação pode ser demonstrada pelo valor de mercado de suas empresas, que caiu mais de R$ 30 bilhões desde o ano passado. Em recente entrevista à agência Bloomberg, o analista da Oppenheimer & Co., Omar Zeolla, foi taxativo. “O mercado perdeu a fé em Eike”, disse Zeolla.
 
“Neste momento, seria difícil para a OGX conseguir os recursos de que necessita.” Eike começou a definir a venda da MPX em meados de 2012. A oferta teria sido feita ao conselho de administração da E.ON durante uma viagem à Europa. A engenharia financeira para viabilizar a transação deve incluir outros sócios. Fundos de investimentos e até o BNDES podem participar da transação. Com isso, a E.ON limitaria sua fatia a 35% do controle, reduzindo o volume de dívida que teria de lançar em seu balanço. Para quem viveu dias difíceis, desta vez Eike está em paz com o mercado. Pelo menos em relação à MPX, cuja cotação das ações subiu 4,2% no acumulado da semana encerrada na quinta-feira 28, voltando ao patamar acima de R$ 10.

(Rosenildo Gomes Ferreira | Isto é DInheiro)

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