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Na sede da Wyndham Hotels, na pacata cidade de Parsippany, no Estado americano de Nova Jersey, a pergunta de um investidor local intrigou seus executivos. Durante uma convenção de vendas, no mês passado, ele quis saber por que uma das maiores redes hoteleiras do mundo, com 55 anos de existência, 7,2 mil hotéis em todo o planeta e faturamento de quase US$ 4 bilhões, em 2012, tinha uma presença tão tímida no mercado brasileiro? De fato. Apesar de estar no Brasil desde 2001, o grupo Wyndham tem uma posição ainda pálida por aqui. Mas esse cenário já está mudando. Há dois anos, a companhia acelerou o seu plano de expansão no País.

A primeira medida foi fechar uma parceria com o grupo mineiro Vert Hotéis, com o objetivo de construir 90 unidades, com 1,2 mil quartos, até 2022. Trata-se de um investimento de R$ 1,2 bilhão. “Estamos batendo todas as metas”, diz Érica Drumond, presidente da Vert. “A pressa da Wyndham é a nossa motivação para implantar o maior número possível de hotéis, o quanto antes.” A principal aposta do grupo americano atende pelo nome Ramada, a bandeira do segmento econômico, que conta com 890 unidades no mundo. A rede é dividida em três segmentos: Ramada Encore, que oferece diárias mais baratas, a Ramada Plaza, com hotéis-design, e a Ramada Hotéis & Suítes, focada em uma classe intermediária, chamada de midscale.
 
“Vamos atacar em todas as principais cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes”, afirma Amílcar Mielmickuk, diretor de desenvolvimento da Vert. Com esse perfil, a Wyndham deverá se tornar um concorrente de peso da rede de baixo custo Ibis, da francesa Accor, que conta com 84 hotéis no País. Tanto que a primeira Ramada Encore, prevista para ser inaugurada em dezembro deste ano, em Belo Horizonte, terá diárias semelhantes às do Ibis, entre R$ 149 e R$ 179. Há outros sete contratos já assinados, no valor total de R$ 289 milhões, para a construção de hotéis da marca. Três deles são no interior paulista – Tatuí, Cruzeiro e Fernandópolis. Duas unidades serão erguidas em Belo Horizonte e Contagem.
 
A maior delas será em São Paulo. Embora seja praticamente desconhecida pelo brasileiro, a bandeira Ramada Hotéis & Suítes, focada na classe média, já opera no País. A primeira unidade da marca foi inaugurada há dois anos, próxima ao aeroporto mineiro de Confins. O hotel registra ocupação média de 80%, acima dos 68% da média nacional. A segunda unidade encontra-se na capital paulista, desde janeiro de 2012. A caçula da bandeira é a unidade Riocentro, na capital fluminense. A pressa da Wyndham para conquistar um lugar ao sol no mercado brasileiro é fácil de ser explicada. O País possui um imenso potencial para o setor, com apenas 1,4 quarto de hotel para cada mil habitantes.
 
Daqui a dez anos, se todos os planos de investimento já anunciados por várias redes saírem do papel, chegará ao índice de 2,2. Essa proporção é de 8,6 no Reino Unido. Nos EUA, alcança 15,5. Outro indício de que o Brasil está virando mesmo prioridade é a vinda do presidente mundial do grupo, Eric Danziger, que desembarcará pela primeira vez no País em abril. Danziger virá em seu jato particular para ver, in loco, um dos mercados que mais crescem no mundo, hoje dominado pela concorrência. “Para estar em condições de concorrer, a Wyndham terá de traçar um plano ousado”, diz Renato Faraco, consultor da indústria hoteleira. “Caso contrário, será um tiro no escuro.”

(Isto é Dinheiro)

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