Elavon quer fatia de 15% do mercado até 2015

Apesar da abertura do mercado de cartões a novos concorrentes em julho de 2010, quando ocorreu o fim da exclusividade entre credenciadoras e bandeiras, a Redecard e Cielo mantiveram a participação de quase 100% do segmento. A partir de 2012, começa a operar uma nova concorrente: a norte-americana Elavon. Com  a meta de conquistar 15% do setor de credenciamento até 2015, captura e processamento de transações via cartões, o grupo finaliza sua estruturação de maneira diferenciada das rivais, como  capacidade global de processamento, produtos segmentados para o varejo e independência das instituições financeiras.

O interesse no mercado brasileiro é justificado pelos números recentes da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que demonstra que o faturamento estimado nos sete primeiros meses do ano foi de R$ 356,7 bilhões. Somente o mês de julho arrecadou R$ 54,8 bilhões, acréscimo de 20% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O presidente da Elavon, Antônio Castilho, explica que há a necessidade de definir as características do negócio de forma cautelosa e eficaz, pois  durante 15 anos as duas grandes companhias se estruturaram junto com o mercado de cartões. “Somos a primeira empresa a se estabelecer [após abertura do mercado] formalmente. Nós chegamos com cultura e apoio numa visão global.”

Como primeiro diferencial, Castilho cita a capacidade global de processamento, ao trazer conhecimento e tecnologia mundial para o país e atuação na gestão de clientes mundiais. “As empresas aqui são nacionais. Mas há empresas que operam de forma multinacional. Então nós iremos fornecer serviços de e em outros países.” A Elavon está presente em 30 países, é a segunda maior empresa do setor nos Estados Unidos e realiza 2,8 bilhões de transações por ano.

Outro benefício proporcionado por ser uma empresa internacional, segundo o presidente, está na capacidade de operar em 30 países com o mesmo modelo interligado. “O número de operações globais supera o das duas companhias que atuam no Brasil juntas. Vamos trazer experiência de outros países. Por exemplo, somos a maior adquirente do mundo na área de companhias aéreas. Vamos trazer para as companhias nacionais e internacionais uma série de  conhecimentos.”

O investimento em equipe qualificada  também faz parte das estratégias para se diferenciar diante das concorrentes. Para isto, a diretoria da Elavon será composta por profissionais brasileiros que já atuaram na área. O presidente trabalhou na Cielo e o vice-presidente de Negócios, David Zini, foi diretor-regional e de varejo da Redecard. Nas outras áreas ainda há executivos da GetNet, que faz parte do Santander, Votorantim e Itaú. “Teremos o nosso próprio modelo, mas com a diversidade e melhor experiência.”

Para o professor da Escola de Negócios Anhembi Morumbi Osmar Visibelli, a vantagem da entrada de uma nova empresa no setor de credenciadoras está na competividade. “Para as lojas acrescenta vantagens competitivas, com novos processos e maneiras de formar uma carteira de clientes.” Segundo Visibelli, a Elavon deve movimentar o mercado, já que Redecard e Cielo não aceitarão perder espaço e vão apresentar estratégias mais fortes.

O enfoque no lojista do varejo também é uma das soluções para melhor posicionamento no Brasil. O presidente Antonio Castilho explica que a oferta será de produtos e serviços segmentados. “Atualmente, a oferta é limitada, com pequenas variações para cada estabelecimento. Nós vamos trabalhar o diferencial e com produtos complementares, como  relatório de gestão de negócios.”

No que se refere a parcerias com instituições financeiras para a movimentação das contas dos comerciantes, Castilho afirma que será   independente. “O lojista poderá optar pelo banco de sua preferência.” No quadro de acionistas, a Elavon possui o Citibank, já que é uma joint venture entre a Elavon Inc e o Citi/Credicard.

Com início das operações em janeiro de 2012, a companhia inaugura nessa sexta-feira o escritório comercial e em 60 dias a área operacional. De acordo com Castilho, as parcerias com lojistas iniciam a partir deste prazo. “Pelo menos cinco anos para estabelecer completamente.”

(Marcelle Gutierrez l DCI)

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