Em semana de balanços, construtoras ficam em foco

Com o grande volume de divulgações de resultados financeiros de construtoras nesta e na próxima semana, o setor é um dos destaques nas análises diárias e semanais das corretoras. As preferidas da Banif Securities são Cyrela, EZtec, Tecnisa e Even, todas com recomendação de compra, sendo que as duas últimas apresentavam o maior de potencial de valorização do grupo (63% cada uma delas, em 12 meses), conforme relatório do analista Flávio Conde, divulgado ontem. Segundo ele, a estratégia de cada empresa frente a um cenário de vendas mais lentas e custos ainda pressionados, além da expectativa dos investidores de verem um fluxo de caixa positivo este ano, tende a ser mais relevante na seleção das ações do setor do que os resultados trimestrais.
 
No Deutsche Bank, o entendimento é de que a desaceleração no ramo de construção civil vem ocorrendo mais rápido do que o esperado. A instituição resolveu então adotar uma postura mais conservadora e reduziu recentemente suas projeções de crescimento e de fluxo de caixa livre para a maioria das companhias analisadas. O maior corte nas estimativas de lucro por ação em 2012 ocorreu com a PDG, de 20%. Com isso, o preço-alvo dos papéis da companhia caiu de R$ 9,00 para R$ 6,50, mas a recomendação permanece em "comprar". A instituição também manteve a indicação de compra para MRV e Rossi. Para esta última, a projeção de lucro por ação baixou 7% e o preço-alvo diminuiu de R$ 12,00 para R$ 11,00. Na MRV, não houve mudança na estimativa de lucro para este ano, mas o preço-alvo passou de R$ 16,00 para R$ 15,00.

"As principais construtoras no Brasil estão diminuindo o ritmo de crescimento para evitar riscos de execução dos projetos e manter seus níveis de rentabilidade", lembra o relatório do Deutsche, no último dia 3. "Além disso, prevalecem riscos importantes no setor, como a escassez de mão de obra e gargalos na indústria." Nesse segmento, a instituição vê dois grupos de investidores: os que tiveram prejuízos com a desaceleração do ramo de construção, mas ainda carregam suas posições, e os que têm se mantido fora do segmento. "Está claro para nós que os primeiros estão procurando um ”repique” para deixar o setor, enquanto os outros estão interessados apenas em operações de curto prazo."
 
No Itaú BBA, a última atualização da "Carteira Top 5" diz que, apesar do desconforto de alguns investidores, a Even se encaixa em um "grupo específico de empresas que tem focado em rentabilidade e enfrentado os riscos de execução do setor de forma diferenciada". De acordo com a instituição, a companhia é a sua preferida entre as "small caps" do segmento em razão do seu sólido balanço patrimonial e forte expertise de execução em seus principais mercados, São Paulo e Belo Horizonte (MG). As ações da companhia entraram no portfólio do Itaú BBA no lugar de Bradesco. Outra mudança foi a saída de Lojas Renner e o ingresso de Cemig. Para o banco, a empresa de energia elétrica deve apresentar, no balanço do primeiro trimestre, um crescimento de 24,9% na receita. Outro destaque é o chamado "dividend yield" (retorno via dividendos), estimado em 12,3% para este ano.
 
Em outro relatório recente, o Deutsche diz que continua a reduzir a exposição no setor financeiro, mas vê os papéis da BM&FBovespa como atrativos. As ações da bolsa paulista também figuram na carteira desta semana da Ativa Corretora. "A companhia apresentou bons crescimentos de volume tanto no segmento Bovespa quanto BM&F, além de um aumento na taxa média por contrato, surpreendendo positivamente."
 
A Ativa também incluiu Copel, Lojas Americanas e Petrobras no seu portfólio recomendado. A primeira, diz a instituição, tem perfil estável e defensivo, ideal para momentos de instabilidade na bolsa de valores, como o atual. No caso de Lojas Americanas, a corretora diz que o bom desempenho financeiro no quarto trimestre de 2011, com elevação de margens de lucro e diluição de gastos da controladora, cria boas perspectivas para o resultado do primeiro trimestre. Em relação à Petrobras, a avaliação é de que as fortes quedas verificadas recentemente nas ações criam oportunidades de curto prazo.

(Márcio Anaya | Valor)
 

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