Empresas menores viram alvo de compradores estrangeiros

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Pequenas e médias varejistas são o principal foco de investidores estrangeiros. Após uma procura intensa por grandes companhias nos últimos anos, redes menores são o novo alvo, permitindo um crescimento a curto prazo.

O maior conservadorismo de investidores, impulsionado pela situação político-econômica brasileira, alimenta a procura por empresas menores. Segundo o sócio-diretor da consultoria de varejo e franquias ba}Stockler, Luis Henrique Stockler, “o fato de estrangeiras comprarem médias e pequenas tem como principal objetivo aumentar a representatividade no mercado (market share) e crescer no curto espaço de tempo, mesmo sendo um investimento arriscado.”

De acordo com relatório feito pela Merrill DataSite, o Brasil é hoje o principal alvo para fusões e aquisições (F&A) de empresas na América Latina. O País é responsável por 69,9% das negociações entre 1º de julho e 30 de setembro deste ano. Ao todo foram 77 transações e US$ 15,3 bilhões envolvidos. O segundo colocado é o México, com 19 transações e movimentação de US$ 3,2 bilhões.

“A economia do País cresce de maneira democrática, principalmente por estar vinculado à estabilidade política”, aponta Stockler. “Pela terceira vez consecutiva o Brasil lidera a lista da Global Retail Development Index, da ATKearney, que mede o desenvolvimento das nações no varejo. Isso para o investidor é uma mina de ouro”.

O sócio-diretor da assessoria financeira Brasilpar, Gustavo Junqueira, confia em um ritmo reduzido no mercado de F&A, mas informa que investidores estrangeiros descartam qualquer tipo de colapso brasileiro. “A preocupação com eventual colapso mudou para a percepção de que o crescimento do PIB não vai ser de 4%, mas de 2%, 1,8%. Desse modo, investidores olham esse crescimento, mas há uma distância entre a expectativa destes e dos vendedores.”

A preferência por companhias de menor porte também se deve à desaceleração da procura por grandes varejistas. O sócio da consultoria MESA Corporate Governance, Luiz Marcatti, afirma que “há uma retração no mundo dos investimentos, não porque falta dinheiro, mas pela disposição em investir. É mais fácil comprar pequenas estruturas e ir crescendo aos poucos. Há ainda muitas oportunidades, principalmente quando se olha para redes regionais.”

Marcatti cita alguns exemplos e destaca o atacarejo. “Em qualquer área do varejo, há redes regionais que podem ser interessantes, seja em supermercados ou eletroeletrônicos. Mas o atacarejo chama atenção. Ainda existem muitas cadeias familiares, com exceção de Assaí e Atacadão”, ressalta. “As familiares tem dificuldade em crescer no atual cenário econômico, mas muitos têm faturamento superior a R$ 1 bilhão por ano.” 

O comércio eletrônico também pode ser uma opção promissora. “O e-commerce é um negócio rentável a longo prazo. O setor está em franca expansão, mas o investimento é demorado”, ressalta Luis Stockler. “Requer cuidados, planejamento, estratégias e ferramentas diferenciadas, ainda mais porque a concorrência no mundo virtual é maior do que no comércio comum. Quem não percebe isto tem grandes chances de se decepcionar.”

Já Gustavo Junqueira aposta no segmento de vestuário e não descarta uma consolidação entre players maiores. “É um mercado que continua crescendo. Acredito que pode haver consolidação entre algumas das gigantes como C&A, Renner, Riachuelo e Marisa, como se observou em construção civil e saúde”, aponta. “Escala no varejo é tudo, e muitas vezes essas lojas estão canibalizando a outra em termos de localização.”

Captando investimentos

Segundo especialistas, o passo mais importante para empresas que buscam captar investimentos é a formalização e estruturação de seus processos. Junqueira alerta para a importância de um plano de negócio. “É preciso ter visão clara do modelo econômico financeiro integrado, sempre olhar para o tripé ‘investimento-financiamento-operação’. A demonstração de resultados deve estar integrada ao balanço financeiro e ao fluxo de caixa.”

Luiz Marcatti, da MESA Corporate Governance, ressalta a importância da formalização. “Isso dá mais confiança aos acionistas. Não se pode apenas pensar na intuição de mercado. O principal choque ocorre quando o empresário fixa um valor da companhia em mente e depois se decepciona com o valor real.” 

Já para o consultor da ba}Stockler, Marcus Cordeiro, o passo inicial é contar com uma assessoria financeira. Em seguida, se faz a análise, o plano de negócio e outras etapas até chegar à análise das propostas. “Todas essas ações aumentam as chances de efetivar a transação no valor esperado, além de evitar que o empresário perca o foco na administração da empresa e torne o processo vulnerável em função dos aspectos emocionais”, conclui.

(Fusões e Aquisições)

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