Fabricante de papel Ibema fará oferta de R$ 300 milhões

A Ibema, fabricante paranaense de papel cartão que está em processo de fusão com a paulista Papirus, planeja fazer uma oferta de ações em 2012. "Estamos muito próximos da abertura de capital", disse Clecio Luiz Chiamulera, diretor de operações, que ontem participou de seminário sobre o assunto promovido em Curitiba pela BM&FBovespa e pela Federação das Indústrias do Paraná. A intenção é captar cerca de R$ 300 milhões para fazer aquisições e chegar a faturamento de R$ 1 bilhão.

Juntas, Ibema e Papirus devem obter receita de R$ 600 milhões em 2011, cerca de metade cada uma. Fundada na década de 50, a Ibema possui 8 mil hectares de reflorestamento na região central do Paraná, faz 90 mil toneladas de papel por ano e sua fábrica fica no município de Turvo. A Papirus fica em Limeira, interior de São Paulo, e produz volume semelhante. O processo de diligência está sendo finalizado e a fusão das empresas deve acontecer no segundo semestre, quando ficarão entre as três maiores no setor de papel para embalagens, junto com Klabin e Suzano.

Chiamulera, que foi contratado em 2009 para a reestruturação administrativa da companhia e preparação para entrada na bolsa, explicou que o nome da empresa resultante da fusão ainda não foi decidido. Segundo ele, o foco hoje está na consolidação da operação, mas o banco Brascan já foi contratado para coordenar a abertura de capital. A Ibema é controlada pelas famílias Gomes, Napoli e Maia e, desde 2007, a BNDESPar é dona de 22% da empresa, na qual fez aporte de R$ 27 milhões.

Se os planos da Ibema derem certo, ela vai ajudar na intenção da BM&F Bovespa de obter, até 2014, 200 novas empresas listadas – hoje são 466. Do Paraná há 16 companhias na bolsa, mas menos da metade delas com movimentação expressiva de ações. Além da fabricante de papel, outras empresas, de diversos tamanhos e áreas, foram ao evento. Entre as grandes, os interesses eram diversos.

Na plateia havia três representantes da multinacional Electrolux, auditores internos que informaram estar interessados apenas em aprender sobre governança e garantiram que a empresa continuará com o capital fechado. Um auditor da Spaipa, fabricante da Coca-Cola no Paraná e interior de São Paulo que faturou R$ 1,6 bilhão em 2010, também marcou presença, interessado em processos de gerenciamento de risco.

A maioria dos participantes era de empresas menores, ansiosas em aprender e dar os primeiros passos rumo à abertura do capital, pensando no longo prazo e na necessidade de engordar o faturamento primeiro. É o caso da Panelux, fabricante de panela de pressão com sede em Francisco Beltrão (PR). A empresa familiar tem 560 empregados e faturou R$ 100 milhões no ano passado. O diretor Abelson Carles, um dos sócios, contou que deseja captar recursos para investimentos e aquisições. O plano é para daqui a três anos, quando prevê receita anual de R$ 250 milhões.

A TechResult, de Curitiba, que atua com serviços de terceirização de tecnologia da informação, deve faturar R$ 20 milhões em 2011, mas está adquirindo outra empresa e também pensa em captação na bolsa, em 2014, quando espera ter receita de R$ 150 milhões. José Luis Bueno Barbosa, da Afluir, também da área de tecnologia, tem 12 empregados, faturou R$ 2,5 milhões no ano passado e está em busca de investidores.

Outro que está de olho nas possibilidades do mercado é o grupo First, de Santa Catarina, que atua com importação e logística. O diretor financeiro, Jairo Borges, explicou que os planos são para o médio prazo. O grupo está em processo de profissionalização, tem 220 empregados e faturamento de R$ 1 bilhão por ano.

Cristiana Pereira, diretora da BM&FBovespa, falou das fases da abertura de capital, que começa pela decisão, passa pela preparação, a operação e a pós-oferta. Também apresentou custos com auditoria, publicações e taxas. Ela ressaltou que empresas de capital aberto têm mais facilidade nas negociações de crédito.

(Marli Lima | Valor)

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