GVT é cortejada para voltar à BM&FBovespa

A companhia de telefonia GVT pode voltar à BM&FBovespa. O Valor apurou que a administração da empresa vê com bons olhos a ideia de buscar recursos no mercado para expansão de sua rede de telecomunicações com uma nova oferta inicial de ações. Ainda não há nenhum plano em execução, mas uma possível operação avaliaria o negócio em cerca de R$ 15 bilhões, ou seja, o dobro que pagou o grupo francês Vivendi quando se tornou controlador no fim de 2009.
 
A operadora, que nasceu como empresa espelho da Brasil Telecom e hoje atua nas principais cidades de todo o país, deixou o pregão em maio de 2010, após a aquisição pelo grupo francês. Agora, bancos de investimento têm levado essa proposta à empresa, dado o bom momento do setor no mercado e a história da companhia. A gestão da empresa, a mesma de antes da compra pela Vivendi, vem recebendo com entusiasmo essa possibilidade, embora não tenha colocado nenhum projeto em marcha.
 
A maior dificuldade para a operação estaria em convencer os controladores franceses, apesar de eles julgarem interessante a perspectiva de levantar recursos no Brasil, dado o cenário na Europa.

"Nem a GVT nem a Vivendi têm planos para reabrir o capital da operadora na BM&F Bovespa", respondeu ao Valor, por meio de sua assessoria de imprensa. A nota lembra que a Vivendi é listada na Euronext, em Paris. A companhia vale em bolsa € 20,35 bilhões.
 
O ambiente para captações e o apetite do investidor – que afetam o preço de maneira determinante – também ajudam a compor as explicações da cautela.
 
A GVT estreou em fevereiro de 2007 na BM&FBovespa, com a ação a R$ 18. Na época, fez uma operação de R$ 1 bilhão, totalmente primária, ou seja, para capitalização do negócio.
 
A saída da bolsa foi consequência da compra do controle pela Vivendi. Para ingressar no mercado brasileiro, a companhia francesa de mídia e entretenimento ofereceu R$ 56 por ação da GVT, após uma intensa disputa com o grupo espanhol Telefónica, numa polêmica operação que levou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a modificar a instrução para ofertas voluntárias de aquisição de ações e também resultou num termo de compromisso entre a autarquia e a Vivendi no valor recorde de R$ 150 milhões.
 
Os acionistas da empresa brasileira, contudo, não tiveram do que se queixar: colocaram no bolso um retorno superior a 200%.
 
Quando estreou na bolsa, a empresa valia R$ 2,1 bilhões. O preço pago pela Vivendi, em novembro de 2009, equivalia a uma avaliação de aproximadamente R$ 7,5 bilhões, ou R$ 56 por ação.
 
Caso fosse listada no Novo Mercado, pelo valor que os especialistas vêm atribuindo ao negócio, a empresa teria como levantar, com facilidade, R$ 3 bilhões.
 
Em 2006, antes de estrear na bolsa, a GVT registrou receita líquida de R$ 770 milhões e prejuízo de R$ 72 milhões. Quando saiu, fechou 2010 com faturamento líquido de R$ 1,7 bilhão e lucro líquido de R$ 197 milhões.
 
De janeiro a setembro de 2011, de acordo com balanço apresentado pela controladora Vivendi, a GVT apresentou receita líquida de € 1,1 bilhão, o equivalente a uma expansão de 47% sobre igual período de 2010 – equivalente a atuais R$ 2,6 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) teve alta de 77% no mesmo período, para € 300 milhões (R$ 700 milhões de hoje).
 
Atualmente, a GVT atua em 118 cidades do Brasil e possui 5,8 milhões de linhas em serviço. No início de 2007, quando chegou à BM&FBovespa, operava em 62 cidades, mais as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
 
A companhia, contudo, ainda têm planos de expansão ambiciosos. Nos primeiros nove meses de 2011, totalmente integrada à Vivendi, investiu € 520 milhões, 62% a mais do que os € 320 milhões aplicados no negócio em 2010.
 
Com exceção do grupo Oi – que passa por uma fase de ajustes – o setor de telefonia vive um bom momento no mercado brasileiro. Praticamente, a primeira fase desde a privatização em que o setor é negociado com base em seus fundamentos e não em perspectivas societárias. O grupo espanhol Telefônica, que opera a marca Vivo, está avaliado em R$ 55 bilhões no Brasil e a TIM, de controle italiano, vale na bolsa R$ 23 bilhões.

(Graziella Valenti | Valor)

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