Incorporador reduz ritmo de volume de lançamentos

O foco das incorporadoras na venda de estoques prontos e em construção e a estratégia de privilegiar a busca por rentabilidade e por geração de caixa em vez de crescimento se refletiram na queda de lançamentos imobiliários realizados neste primeiro trimestre. É o que mostra a maior parte das prévias operacionais já divulgadas. Em parte dos casos, a redução do volume lançado se reflete em vendas contratadas menores na comparação com o primeiro trimestre de 2011.
 
No primeiro trimestre, a Trisul e a Tecnisa não lançaram empreendimentos. Na EZTec, a redução de lançamentos ante os três primeiros meses de 2011 foi de 67,6%. A companhia lançou um projeto residencial de médio padrão e um comercial. "Aproveitamos o trimestre para vender produtos lançados no quarto trimestre de 2011. Sem isso, entraríamos no segundo trimestre com muito estoque", diz o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emílio Fugazza.
 
A PDG Realty, maior empresa do setor, lançou Valor Geral de Vendas (VGV) 36,6% menor no primeiro trimestre que no mesmo período de 2011. Na Direcional Engenharia, os lançamentos diminuíram 36%. Na Cyrela Brazil Realty, houve queda de 22,8%, na Brookfield Incorporações, retração de 18,5% e na Gafisa diminuição de 10%. No trimestre, a Gafisa não lançou produtos da Tenda, divisão voltada para a baixa renda, focando as atenções em execução e entrega.
 
Ontem, a MRV Engenharia divulgou lançamentos de R$ 644 milhões, no trimestre, 38% abaixo do mesmo período de 2011. Conforme o presidente da empresa, Rubens Menin, não foi possível lançar, em tempo hábil no primeiro trimestre, tudo o que pretendia. Por isso, cerca de R$ 500 milhões em projetos foram postergados. "Possivelmente, o segundo trimestre será o período com mais lançamentos da MRV no ano", disse.
 
É no segundo trimestre que ocorre o Feirão Caixa da Casa Própria. Na primeira quinzena de abril, a MRV lançou cinco projetos, número que deve se repetir na segunda metade do mês.
 
Na contramão das incorporadoras concorrentes, a Even divulgou lançamentos 86% maiores no trimestre, e a Rodobens Negócios Imobiliários informou alta de 59%. As vendas contratadas da Even subiram 41,9% no mesmo período. Brookfield, Cyrela e PDG também apresentaram aumento das vendas no primeiro trimestre, de 24,6%, 22,2% e 5,3%, respectivamente.
 
Mas para a maioria das incorporadoras, o menor estímulo dos plantões de vendas resultou na queda da comercialização de imóveis na comparação com os três primeiros meses de 2011. Sem ter lançado nada, a Tecnisa viu suas vendas encolherem 53,7%. Na Gafisa, as vendas caíram pela metade. O VGV da Trisul recuou 36,7% enquanto o da EZTec cedeu 36%. "Vendemos quase o dobro do que lançamos", pondera Fugazza, da EZTec.
 
As vendas da Direcional recuaram 25%, as da Rodobens, 13,8%, e as da MRV, 2%.
 
Para estimular a comercialização e reduzir os estoques, várias incorporadoras lançaram mão, no primeiro trimestre, de descontos nas vendas de imóveis, principalmente para unidades prontas ou em fase de conclusão. A demanda no setor prossegue, mas os consumidores estão mais cautelosos no momento da escolha. Uma das razões apontadas para não se observar mais a euforia vista anteriormente na compra de imóveis é a alta de preços registrada nos últimos anos.
 
Na comparação das vendas do primeiro trimestre com as do intervalo equivalente de 2011, é preciso levar em conta também que o desempenho do início do ano passado ainda tinha influência do forte ritmo de comercialização registrado em 2010.
 
Para 2012, é esperado grande volume de entrega de projetos à medida que forem concluídos os lançamentos feitos em 2007 e 2008. Ao entregar os empreendimentos, as incorporadoras repassam os clientes para os bancos e recebem a maior parte dos recursos referentes a cada projeto. Quanto mais curto for o ciclo de produção, mais rapidamente esses recursos entram no caixa das companhias. "No fim do primeiro trimestre, tínhamos 85% das obras com o cronograma de entregas adiantado de um a 12 meses. Nossa meta é chegar a dezembro com 100% das obras adiantadas", diz Menin.

(Chiara Quintão | Valor)

 

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