Intel Capital investe na área de saúde

Desde que chegou ao Brasil, em 1999, a Intel Capital investiu em companhias de tecnologia da informação (TI) ligadas a diversos setores – de finanças a telecomunicações. Mais recentemente, no entanto, o braço de capital de risco da maior fabricante mundial de chips voltou-se para uma área até então inexplorada no Brasil e na América Latina: a saúde. A Intel Capital anuncia, hoje, um investimento na Pixeon, empresa brasileira que desenvolve sistemas para gestão de imagens médicas.
 
Com o negócio, a Intel Capital passa a ter uma fatia de 23% no capital da companhia, que tem sede em Florianópolis. O valor da transação não é revelado, mas a Pixeon registrou um faturamento de R$ 4 milhões em 2010, segundo a companhia. Com o negócio, o braço de investimentos da Intel acumula participações minoritárias em nove empresas no país.
 
O uso ainda restrito de TI na área de saúde e o potencial de crescimento nos próximos anos foram os principais fatores que motivaram o investimento na Pixeon, afirmou ao Valor Alexandre Villela, diretor de investimentos da Intel Capital no Brasil. De acordo com a companhia, menos de 10% dos hospitais e clínicas diagnósticas do país têm sistemas para tratar imagens médicas no ambiente digital.
 
O novo aporte da Intel Capital no Brasil não deixa de lado, porém, a regra geral de investir em companhias – seja qual for o setor – capazes de criar tecnologias que ajudem a sustentar o ambiente de negócios da Intel. "A área da Pixeon [gestão de imagens médicas] demanda muita capacidade de processamento de dados", explica Vilella. Segundo ele, uma tomografia, por exemplo, ocupa um gigabyte (GB) de espaço de memória.
 
A Pixeon foi fundada há oito anos e vende softwares que permitem visualizar e armazenar exames médicos no ambiente digital. Hoje, na maioria dos casos, as clínicas e hospitais ainda imprimem e arquivam fisicamente os exames de pacientes.
 
Diante do potencial de crescimento dos negócios da Pixeon, a Intel Capital estipulou um prazo médio de seis a sete anos para se desfazer de sua participação na companhia. Esse período, no entanto, pode ser estendido. "Nosso objetivo é ficar com a empresa o tempo necessário para criar valor", diz David Thomas, diretor de investimentos da Intel Capital na América Latina, fazendo referência a companhias que estão no portfólio global da empresa há vinte anos.
 
As negociações com a Pixeon duraram cerca de seis meses, mas a Intel Capital não era a única interessada em adquirir uma fatia da empresa. Segundo Fernando Peixoto, sócio-fundador da Pixeon, uma empresa estrangeira e um fundo de participações nacional também estavam no páreo. Na hora de fechar um negócio, a importância da Intel no setor de tecnologia foi decisiva. "Precisávamos ser mais agressivos no mercado e ter um investidor com o sobrenome Intel faria muita diferença", disse.
 
O plano da Pixeon é direcionar os novos recursos para ampliar a área de vendas da companhia. Segundo Peixoto, mais R$ 5 milhões – que serão fornecidos por outras fontes de investimento – serão destinados à área de pesquisa e desenvolvimento em dois anos. Esses recursos virão do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

(Valor)

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