O Itaú Unibanco formalizou hoje a compra da Credicard, mais antiga e conhecida emissora de cartões do país, do Citibank, conforme a Folha adiantou na semana passada.
O negócio, que envolve 96 lojas Citi Credicard, foi fechado por R$ 2,767 bilhões. O pagamento será em dinheiro, mas só após a aprovação dos órgãos reguladores.
A transação inclui o uso da marca Credicard, a mais valiosa entre os cartões brasileiros, e uma carteira de financiamentos de R$ 8 bilhões.
No entanto, dos 4,8 milhões de clientes da Credicard, pouco mais de 1 milhão ficará com o Citi.
São os clientes de alta renda que têm cartões American Airlines, Credicard Platinum e os cartões com as marcas Citi e Diners. Também não fazem parte da operação os cartões corporativos (de empresas).
Desde o ano passado, o Citi decidiu focar sua atuação no país na clientela de alta renda, segmento em que acredita pode fazer um serviço melhor do que os demais bancos comerciais. Por esse motivo, decidiu vender a Credicard, que atendia também segmentos populares do crédito ao consumidor. Com 98 anos de atuação no Brasil, o Citi tem cerca de 400 mil clientes pessoas físicas em 87 agências espalhadas pelo país.
CLIENTES
Segundo o Itaú, nada muda para os clientes da Credicard. “Os clientes da Credicard continuarão a usufruir da mesma eficiência e qualidade no atendimento, não havendo qualquer alteração prevista nos contratos em vigor”, informou o Itaú, em nota.
O banco afirma ainda que, até que a operação seja aprovada pelos reguladores, nada muda para funcionários, clientes e pontos de venda da Credicard. A empresa tem cerca de 1.200 funcionários.
Aos funcionários, que foram comunicados às 19h em e-mail assinado pelo presidente Helio Lima Magalhães, o Citi afirmou que o processo de migração demorará “meses” e que nada muda por enquanto. “O processo de migração acontecerá ao longo dos proximos meses, de forma planejada, e qualquer novidade será comunicada a vcs. Um time de migração foi montado especialmente para conduzir esse processo. É importante deixar claro que, neste momento, nada muda para os clientes”, afirmou, no e-mail.
No e-mail, Magalhães reiterou aos funcionários que o Brasil é um dos países prioritários para o banco no mundo. “Estamos aqui há 98 anos, sempre comprometidos com o desenvolveimento do país e dos nossos negócios. Estou otimista com relação ao futuro e continuaremos buscando nosso objetivo de ser o banco principal no segmento premium do varejo brasileiro”, disse.
CONCORRÊNCIA
Entre os interessados, o Itaú fez a melhor proposta financeira pela Credicard, empresa em que tinha participação até 2006. A oferta do Itaú acabou tirando da disputa os rivais Bradesco e Santander, que também apresentaram suas propostas.
O Banco do Brasil e o BTG Pactual/PanAmericano também se credenciaram para ter acesso a informações estratégicas da empresa, mas desistiram do negócio sem fazer oferta.
O Itaú já era o maior emissor de cartões de crédito e débito do país, com cerca de 30% do mercado, e não queria perder a posição para o Bradesco, que tem 20%.
O Santander era o banco que mais ganharia com a aquisição, porque tem só 7% desse mercado. O banco espanhol já havia sido a primeira instituição financeira a entrar diretamente no negócio de credenciamento de estabelecimentos para pagamento com cartão (conhecido como adquirência), em que atuam Cielo e Redecard.
OPORTUNIDADE
Com 10% do mercado e 4,8 milhões de cartões, a Credicard foi colocada à venda pelo Citibank no início do ano, que decidiu restringir sua atuação no Brasil aos clientes de alta renda.
Sócio do Citi na Credicard até 2006, o Itaú tinha o direito de uso da marca até 2009 e conhece bem os clientes e as sinergias que podem ser alcançadas.
No ano passado, o Itaú fez uma oferta aos acionistas minoritários para fechar o capital da Redecard, empresa de credenciamento de estabelecimentos que nasceu junto com a Credicard nos anos 90. Entre os parceiros estavam Citibank e Unibanco.
(Folha de São Paulo)