JBS vai separar negócio de lácteos e listar Vigor na bolsa

Três anos depois de retirar-se da bolsa, a empresa de lácteos Vigor está de volta ao mercado.
 
A JBS, que acabou herdando a companhia após incorporar a Bertin, anunciou ontem uma operação que culminará com uma nova listagem da Vigor, desta vez no Novo Mercado.
 
A JBS informou que fará uma oferta pública voluntária para os seus atuais acionistas. Nessa operação, propõe que os acionistas troquem ações ordinárias da JBS por papéis da subsidiária Vigor, que terá o capital aberto. Cada acionista da JBS poderá obter ações da Vigor proporcionalmente à fatia que detém hoje na JBS. Ou ainda, se não quiser aderir à operação poderá preservar as ações que já possui na empresa.
 
A justificativa dada pela JBS para essa operação é a sua avaliação de que o mercado não percebe o "real valor" da Vigor dentro de seu negócio hoje. Essa falta de percepção, no entender da empresa, acontece pelo fato de a companhia de lácteos ser uma subsidiária, não uma instituição independente.

Além disso, em comunicado, a JBS destacou que "a indústria de lácteos costuma ter múltiplos de negociação superiores aos da indústria de processamento de carnes" – esta última a atividade principal da empresa atualmente.
 
Procurada, a JBS não concedeu entrevistas ontem sobre o assunto, mas fará nesta manhã uma teleconferência para esclarecer dúvidas sobre a operação.
 
O Valor apurou com fontes do segmento que a estratégia, além de ser uma tentativa de valorizar o negócio de lácteos do grupo, abrirá as portas para aquisições em um momento particularmente movimentado. Recentemente, por exemplo, houve especulações sobre a união de duas grandes companhias desse mercado, negada com veemência pelos grupos citados.
 
Na prática, a JBS está fazendo uma cisão da Vigor e, de acordo com fontes, não optou por esse modelo porque, nesse caso, teria de conceder aos seus acionistas direito de recesso na operação.
 
A JBS marcará uma reunião de conselho para definir o valor que será atribuído às ações da empresa e da Vigor na operação e, consequentemente, definir a relação de permuta da oferta.
 
Na bolsa, a JBS está avaliada em R$ 21,75 bilhões, conforme o fechamento de quarta-feira. A Vigor, quando fechou capital, em 2009, valia R$ 970 milhões.
 
Aparentemente, os planos para a Vigor dentro da JBS começaram a ser traçados há um ano.
 
Em janeiro de 2011, a família Batista, fundadora do frigorífico, criou a FG Holding International, presidida por Joesley Batista, com a finalidade de firmar participação em outras sociedades no Brasil e no exterior, como sócia ou acionista, além de administrar bens próprios.
 
Em janeiro deste ano, assembleia da FG aprovou a mudança de seu nome para Vigor Alimentos, uma companhia cujo estatuto inclui, além das participações em outras sociedades, operações com lácteos.
 
Ainda que não tenha definido quanto valerá a Vigor, a JBS não está totalmente no escuro nesta frente. A ata dessa mesma assembleia informa que a empresa contratou peritos para fazer um laudo de avaliação do valor patrimonial das ações da fábrica Vigor e eles chegaram a R$ 1,191 bilhão. A JBS, única acionista, fez um aumento de capital na Vigor nesse valor, com a emissão de 100 milhões de ações, cada uma a R$ 11,91.
 
O atual presidente da Vigor, Gilberto Xandó, será mantido no cargo. Em novembro, o executivo concedeu entrevista ao Valor na qual adiantou parte da estratégia de reposicionamento e marketing que deverá ser adotadas nesta nova etapa da empresa (ver matéria abaixo).
 
No comunicado divulgado no início da noite de ontem, a empresa esclareceu que a Vigor terá uma estrutura corporativa própria e independente, com um conselho de administração formado por sete integrantes, sendo cinco independentes.
 
A JBS também informou que o pedido de registrou da oferta voluntária já foi feito à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E disse que a operação depende do consentimento de credores detentores de títulos de dívida emitidos pela JBS USA LLC, JBS USA, JBS, JBS Finance e Bertin.
 
Por conta da operação, o programa de recompra de ações que estava em aberto foi encerrado e os papéis adquiridos, cancelados.

(Valor)
 

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