Líder no setor aéreo, LSG vai entrar em escolas e lojas

A maior empresa do mundo de refeições para aviões ("catering"), a LSG Skychefs, vai adotar no Brasil uma estratégia bem sucedida desse setor na Europa e nos Estados Unidos. Controlada pela alemã Lufthansa, ela quer ampliar o seu raio de ação ao projetar que até 30% do seu faturamento, não divulgado, seja gerado por alimentação a escolas, hospitais e lojas de conveniência, em ao menos cinco anos. Negociações nesse sentido já estão sendo realizadas.

Atualmente, 70% do faturamento da LSG vêm das refeições de bordo. Fornecimento de bandejas biodegradáveis, desenvolvidas a partir do bagaço de cana de açúcar, assim como lavagem de louças e talheres usados em aviões, entre outros serviços, respondem pelos 30% restantes. A empresa também vai investir até US$ 18 milhões para ampliar a sua produção em três unidades, de um total de oito no país, sempre próximas a aeroportos. É a maior operação da LSG na América Latina.

"O setor passou por diversas fases difíceis. Em cinco anos, três grandes empresas (Varig, Vasp e Transbrasil) quebraram e houve o surgimento das empresas de custos e tarifas baixas", diz o diretor-regional da LSG para a América Latina, Paulo Teixeira. Apenas entre 2002 e 2003, cinco empresas de "catering" fecharam as portas e demitiram 4 mil pessoas por causa da crise aérea e da substituição das refeições por barrinhas de cereais.

A programação de investimentos da LSG no Brasil prevê US$ 10 milhões, no máximo, em obras de ampliação da unidade de Guarulhos. Mais US$ 5 milhões estão previstos para Salvador (Bahia). Outros US$ 3 milhões poderão ser aplicados em Campinas, no aeroporto Internacional de Viracopos, onde há uma operação de montagem de refeições que são fornecidas pela linha de produção de Guarulhos, a maior do país.

Teixeira conta que pretende inaugurar mais cinco unidades de produção no Brasil. Aquisições não foram descartadas para a execução desse plano.

A empresa é líder no mercado brasileiro, com fatia de 40%, em torno de 850 funcionários, 60 mil refeições por dia em 400 voos para 30 companhias aéreas, entre brasileiras e de fora do país.

Só a unidade de Guarulhos responde por cerca de 50% da operação da LSG no Brasil. Lá, são produzidas 30 mil refeições por dia para abastecer 250 voos. Essa linha de produção funciona 24 horas, com três turnos. O ritmo não para porque os voos internacionais de longo curso, filão mais rentável para a empresa, são operados principalmente de noite.

O gerente industrial da LSG, Mauricio Novaes, conta que, ao contrário das unidades de produção da LSG na Europa e nos Estados Unidos, onde a empresa tem um alto nível de automação e insumos já processados, no Brasil não há linhas automatizadas e 90% da matéria-prima é in natura. Por dia, a operação de Guarulhos usa 600 quilos de cada espécie de fruta, como mamão, abacaxi e manga.

Dos fornos da padaria, saem 30 mil pães por dia. São usados 600 quilos de farinha de trigo todos os dias. Apenas para a TAM, uma das principais clientes nacionais, a LSG fornece 7 mil sanduíches ao dia.

"A relação entre custo de mão de obra versus custo de tecnologia no Brasil é inversamente proporcional à Europa e aos Estados Unidos", diz Novaes.

O mercado brasileiro de refeições de bordo movimenta anualmente, em média, cerca de R$ 350 milhões, de acordo com Teixeira. Em 2010, o crescimento setorial poderá alcançar 8%. A LSG, por sua vez, tem chance de aumentar sua receita em até 15% no mesmo período de tempo. O crescimento acima da média, diz ele, conta com o auxílio da receita de tudo aquilo que não é alimento para passageiros do transporte aéreo.

(Alberto Komatsu | Valor)
 
 

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