Na Hitachi, meta é dobrar receita local

O grupo japonês Hitachi delineou uma estratégia para expandir sua operação globalmente, com planos ambiciosos para o Brasil. A companhia encerrou 2010 com uma receita global da ordem de US$ 121,5 bilhões. Desse total, US$ 326,1 milhões foram obtidos com a operação no Brasil. A meta é elevar o faturamento mundial em 7,35% até 2012, para US$ 130,4 bilhões. A expectativa é que grande parte dessa expansão se dará na América Latina e na China.

Para o Brasil, a meta da companhia é dobrar a receita nesse intervalo, para US$ 652,1 milhões. Os valores, definidos originalmente em iene, baseiam-se na cotação do dólar comercial de terça-feira. Kazuhiro Mori, vice-presidente executivo da Hitachi, diz que, no ano passado, 43% da receita global da companhia tinha como origem o mercado japonês; o grupo Ásia e América do Sul respondia por 14% do total.

Para 2012, a meta é elevar a participação das vendas externas para 46% da receita – aumentando a fatia da Ásia e América do Sul para 16%. Em receita, a meta para a região é sair de um faturamento de US$ 24,8 bilhões para US$ 32,6 bilhões entre 2010 e 2012. "Desenvolvemos um plano de crescimento sustentável, considerando que hoje a companhia já possui um porte muito grande", diz Mori.

O executivo afirma que a decisão de expandir as operações levou em consideração as projeções de crescimento econômico em diferentes países. O grupo elegeu 11 mercados prioritários. No caso do Brasil, as expectativas do grupo são de incrementar seus negócios com o avanço dos projetos nas áreas de pré-sal e de infraestrutura, tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

"Depois da China, o Brasil é o mercado que vai receber investimentos mais expressivos da Hitachi", afirma Mori. O executivo não revela, no entanto, o valor do investimento para 2011 e 2012.

Uma das metas da companhia é fechar acordos com o governo federal e com governos locais para a implantação no país de "cidades inteligentes". O projeto consiste na criação de redes de softwares e de equipamentos de TI e comunicações para monitoramento e gestão de serviços como transporte público, distribuição de água e energia, entre outros. No mundo, o grupo já desenvolveu projetos semelhantes na Espanha, na Índia, na China, no Japão e nos Estados Unidos.

Já nas áreas em que a companhia tem atuação no país, os segmentos em que a Hitachi redobrará esforços são os de sistemas de TI voltados à área de infraestrutura, oferta de equipamentos para o setor de petróleo e gás – tendo como mercado potencial os projetos do pré-sal -, tecnologia para o setor de energia e a oferta de equipamentos de transmissão de sinal digital de TV.

A Hitachi atua no Brasil por meio de sete empresas que compõem o grupo. Algumas delas receberam reforços para acelerar o processo de expansão no país. Em março, a Hitachi Plant Technologies fez um acordo com a Mayekawa Mfg Company para produção de compressores no país. Em agosto, a Hitachi Kokusai Electric adquiriu 70% de participação acionária da Indústrias Linear para competir no segmento de dispositivos de transmissão de sinal digital de TV e câmeras de alta definição, entre outros equipamentos.

Neste mês, foi a vez de a Hitachi Construction Machinery anunciar acordo com a Deere & Company para a formação de uma joint venture que terá como foco a fabricação de escavadeiras hidráulicas no país. "Haverá mais parcerias no Brasil daqui para frente", afirma o vice-presidente. De acordo com Mori, a projeção de dobrar o faturamento no país não leva em consideração projetos de fusões e aquisições que a empresa mantém em fase de estudos atualmente.

Outro segmento que crescerá em importância para o grupo no mercado brasileiro é o de sistemas automotivos. A Hitachi é conhecida como a maior fabricante global de trens de transporte de massa e monotrilhos. A partir de 2012, o grupo, por meio de uma joint venture estabelecida com a Iesa Projetos, Equipamentos e Montagens, planeja iniciar a produção de trens e monotrilhos em Araraquara (SP). O foco é atender ao mercados brasileiro e aos dos demais países da América Latina.

O grupo Hitachi também espera crescer no Brasil com serviços na área de armazenamento de dados, por meio da Hitachi Data Systems. O setor no Brasil cresce neste ano a uma taxa de 50%, ante média global de 7%.

Globalmente, a Hitachi atua em 12 áreas diferentes. A principal é a de sistemas de tecnologia da informação (TI), que representa 16% da receita da companhia. A divisão é seguida pelas áreas de materiais e componentes de alta funcionalidade (13%), equipamentos e sistemas eletrônicos (10%), sistemas industriais e infra-estrutura social (10%), mídias digitais e produtos de consumo (9%), componentes e dispositivos (8%), sistemas de energia (8%), maquinário de construção (7%), sistemas automotivos (7%), serviços financeiros (4%) e outros (8%).

(Cibelle Bouças | Valor)

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