Air France busca no Brasil parceiro para aliança global

A Air France-KLM, maior companhia aérea da Europa, está negociando o possível recrutamento de uma companhia indiana para sua aliança global, SkyTeam, e também pretende atrair uma parceira brasileira. A informação foi dada ontem por seu executivo-chefe, Pierre-Henri Gourgeon.

A TAM, maior companhia aérea do Brasil e membro da Star Alliance, fundada pela alemã Lufthansa, está se unindo à chilena LAN, que faz parte da aliança global Oneworld, liderada pela British Airways. A Gol, a segunda maior do Brasil, não tem planos de firmar alianças num futuro próximo, segundo disse em 30 de setembro o diretor financeiro da companhia, Leonardo Pereira. Desde 2005, a brasileira tem uma parceria com a Air France, que inclui a integração dos programas de milhagem e um acordo de compartilhamento de assentos ("code-share", no jargão do setor), que permite fazer conexões entre as companhias sem necessidade de novos despachos de bagagem.

Ontem a companhia europeia com sede em Paris divulgou seu segundo lucro trimestral seguido e aumentou sua meta de ganhos para o ano. O salto no tráfego na Ásia ajudou a companhia a se recuperar da recessão do ano passado. O lucro líquido somou € 290 milhões no segundo trimestre fiscal, encerrado em 30 de setembro, em comparação a um prejuízo de € 147 milhões no mesmo período do ano passado. Analistas previam um lucro de € 248 milhões.

Empresas aéreas de todo o mundo estão anunciando lucros maiores à medida que saem da pior recessão em décadas. Entre as maiores rivais da Air France, a Lufthansa triplicou seus lucros no trimestre e a British Airways encerrou dois anos de perdas, enquanto a Delta Air Lines, sua sócia americana na SkyTeam, também saiu do prejuízo para o lucro.

"Os números de hoje mostram que elas conseguiram se recompor", disse ontem Dan Solon, analista da consultoria Avmark International, de Londres. Uma maior interação das operações com a Delta e outras aliadas tem sido um "medicamento potente", afirmou ele.

A ação da Air France-KLM acumula uma valorização de 20% no ano, avaliando a companhia em € 3,97 bilhões. Ontem, o papel fechou em alta de 2,6% na bolsa Paris, a € 13,22, antes do anúncio dos resultados.

"Conseguimos muita coisa em pouco tempo, mas continuaremos concentrados na execução de novas medidas necessárias para garantir mais lucratividade", disse Gourgeon. "Essa é nossa ambição para os próximos três anos."

A companhia almeja um lucro operacional de mais de € 300 milhões no atual exercício fiscal, segundo o executivo-chefe. A previsão anterior, emitida em 26 de outubro, era apenas de um resultado "positivo".

O tráfego de passageiros aumentou 3,1% no mês passado, liderado por um crescimento de 5% nas rotas asiáticas, que tiveram nível de ocupação de assentos de 89,5%. Na rede como um todo, o percentual foi de 84,2%.

A demanda continua "muito forte", com uma melhoria clara no tráfego premium resultante da retomada das viagens de negócios, disse Peter Hartman, executivo-chefe da unidade holandesa da KLM. A receita unitária por passageiro por quilômetro voado (yield, no jargão do setor), aumentou 18%.

Gourgeon disse que o grupo acrescentará quatro ou cinco novos destinos asiáticos até 2014, um número parecido na África e no Oriente Médio, além de um ou dois nas Américas. A capacidade nessas regiões, excluindo o Japão, vai aumentar 6,5%.

As receitas do segundo trimestre cresceram 19% para € 6,65 bilhões e o lucro operacional atingiu € 576 milhões.

A Air Transport Association informou em setembro que os lucros das companhias aéreas deverão atingir o pico de US$ 8,9 bilhões este ano, devendo cair para US$ 5,3 bilhões em 2011, à medida que iniciativas de austeridade forem sendo tomadas pelos governos e o menor crescimento econômico contiver a demanda. Ao mesmo teompo, os aumentos de capacidade ociosa devem afetar o poder de fixação de preços.

(Valor)

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