Após fusão, Vivo prepara expansão com Telefônica

SÃO PAULO – Com a escolha da marca Vivo para produtos e serviços que surgirão da união com a Telefônica, a operadora móvel passa por um processo tranquilo de fusão. Ainda é cedo para falar dos produtos fixos e móveis integrados que serão anunciados oficialmente em 2011, afirma o presidente da Vivo, Roberto Lima.

No momento, as duas empresas estudam aspectos operacionais da fusão e a convergência de produtos. Nessa fase de planejamento, a prioridade é avaliar a chamada "venda cruzada", além de fazer o levantamento de clientes das duas operadoras, que serão alvo das primeiras ofertas, tanto residenciais quanto corporativas. A fase seguinte será o aproveitamento dos canais da Vivo em todo o país para a venda de produtos integrados, cujo objetivo é projetar a Telefônica em âmbito nacional.

Em qualquer processo de fusão a principal preocupação é o corte de pessoal devido à sobreposição das áreas de negócios. No caso da Vivo e Telefônica, ao contrário, a ideia é manter o pessoal – já treinado e qualificado – e ainda contratar mais colaboradores. "Como a operação será nacional, essa expansão é natural", afirma Lima.

O organograma, por enquanto, também mudou um pouco. Luiz Miguel Gilpérez López, nomeado responsável pela divisão brasileira da Telefónica, tem acompanhado o dia a dia da Vivo. O executivo tem familiaridade com a operação porque preside o conselho de administração da Vivo desde 2007.

Para guindar a operação da Telefônica para todo o Brasil, a Vivo está fazendo sua parte. A operadora móvel termina 2010 com 831 municípios com cobertura de terceira geração (3G) e a promessa de chegar em 2011 presente em 2.832 cidades. No lançamento do projeto de ampliação da cobertura, ocorrido em junho, já estavam cobertos 600 municípios; hoje já somam 831.

Os investimentos previstos para este ano são de R$ 2,4 milhões, com previsão de manter a aplicação média de 12% a 14% da receita em infraestrutura. Lima destaca como desafio manter o ritmo de investimentos, pois alega que a fusão de fornecedores deixou a operadora com poucas opções.

As teles móveis, diz o executivo, tem um papel importante na inclusão digital, levando banda larga móvel para cidades com baixa densidade de habitantes. A manutenção da base de assinantes pré-pagos, mesmo aqueles que não consomem créditos, é vista por ele como outra forma de inclusão.

O presidente da Vivo critica a queda de 10% na tarifa de interconexão (taxa paga pelas empresas fixas para usar a rede móvel), prevista pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) até 2012. Para ele, essa taxa subsidia os clientes pré-pagos que não compram créditos e não geram receita. Na Vivo, em torno de 40% da base de clientes pré-pagos ficam até dois meses sem recarregar o celular.

"Sem a receita de interconexão teríamos que excluir essa base [pré-paga], pois nela incidem impostos similares àqueles que consomem muitos serviços", afirma. A fusão com a Telefônica, segundo o executivo, deve diminuir a receita da tarifa de interconexão no Estado de São Paulo, pois não haverá mais cobrança entre as duas empresas, mas não em nível nacional.

A próxima etapa da Vivo será investir em rede de quarta geração (4G) para continuar a ampliação da cobertura da rede.

(Ana Luiza Mahlmeister | Valor)

 

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