Aumento do consumo garante resultado da illycaffè no Brasil

Há menos de um ano com sua subsidiária sul-americana instalada em São Paulo, a italiana illycaffè deve colher em 2011 os primeiros resultados de sua atuação direta na região, sem a presença de intermediários e distribuidores. A expectativa é que apenas o Brasil dará uma contribuição de 30% para o crescimento da empresa na região. A meta no médio prazo é pelo menos dobrar de tamanho a partir dos atuais 600 clientes que a empresa tem no país.

A previsão de crescimento para o Brasil neste ano segue a tendência registrada pela empresa em 2010. Apesar de os dados do ano passado ainda não estarem fechados, o presidente da illycaffè, Andrea Illy, diz que a empresa superou a marca de € 300 milhões em vendas. No ano anterior, o faturamento havia alcançado os € 274 milhões.

"O ano de 2010 foi de desenvolvimento de alguns produtos mas também de crescimento de vendas e faturamento", afirma Illy. O executivo lembra que o consumo do mundo no ano passado cresceu em um ritmo um pouco mais lento do que a média da década, mas ainda assim cresceu. "O consumo na Europa voltou ao normal depois da crise, mas é a demanda do Brasil, Rússia, Índia e China, os novos mercados, que mais evolui", afirma Illy.

Diferentemente do que se possa imaginar, a valorização dos preços do café no mercado internacional não é vista como algo positivo, ao menos para a illycaffè. A forte valorização que o produto acumula ao longo dos últimos 12 meses e em 2011 é considerada "preocupante". Na avaliação de Illy, os altos níveis alcançados pelo café podem levar a uma situação semelhante à observada entre os anos de 1994 e 1996.

"Nesse período houve uma alta também muito grande, o que incentivou o aumento da produção. O resultado disso foi uma queda muito acentuada provocada pelo aumento de oferta e grandes impactos para os produtores", lembra Illy.

O executivo admite que existem fundamentos que justificam os preços elevados dos preços do café, mas diz que também estão embutidos nos atuais valores aspectos especulativos. Em sua avaliação, os atuais níveis de estoques são suficientes para atender apenas 20% da demanda. O patamar é considerado muito baixo, principalmente porque o consumo global cresce em um ritmo superior ao aumento da produção, o que faz o estoque diminuir cada vez mais.

Dentro do cenário que se desenha, existem dois possíveis no mercado de café no curto prazo, segundo Illy. O primeiro é que a colheita da safra brasileira seja de até 47 milhões de sacas – superior ao limite máximo da Conab, que prevê 44,7 milhões -, com uma recuperação ainda maior em 2012 por conta ganhos de produtividade obtidos com um nível maior de investimento nas lavouras. Além disso, a Colômbia pode resolver seus problemas de produção, que já duram três anos.

O segundo cenário desenhado por Illy prevê uma seca no Brasil entre setembro e outubro deste ano, o que comprometeria a colheita nacional de 2012. Isso reduziria a oferta do maior produtor mundial e voltaria a dar suporte aos preços. "Acredito que o primeiro cenário seja mais realista, com 2012 sendo menos negativo do ponto de vista climático", diz Illy.

(Alexandre Inacio | Valor)
 

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