Brasil vira terra prometida dos cosméticos

Prestes a se tornar o 2º maior consumidor global, país recebe avalanche de marcas e leva as locais a apostar em diversificação.

De todos os produtos vendidos em shoppings brasileiros neste Natal, os perfumes e cosméticos ocuparam o topo da lista dos itens de maior saída, segundo levantamento da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings).

No período natalino, as vendas do segmento subiram 18% em relação a 2010, enquanto o varejo de shopping cresceu apenas 5,5%. Ao longo de 2011, a comercialização de cosméticos nesses centros evoluiu 13%.

O fato de o segmento apresentar diversidade de preços levou muita gente a comprar sabonetes, perfumes ou cremes hidratantes para dar de presente.

"São boas opções tanto para quem não pode gastar muito quanto para quem quer gastar mais", afirma Nabil Shayoun, presidente da Alshop. A ascendente classe C, claro, ajudou a engordar as vendas de redes como O Boticário, que tem entre 25% a 28% de seu faturamento anual advindo das vendas natalinas das 3 mil lojas.

Depois de investir R$ 58 milhões no período, o maior aporte dos últimos cinco anos, O Boticário espera fechar o ano com vendas de R$ 1,4 bilhão (parte da indústria) e R$ 5,5 bilhões (lojas), desempenho que deve representar uma evolução de 20% sobre os resultados alcançados em 2010. Em 2012, a expectativa é repetir este salto.

"O mercado de perfumaria e cosméticos brasileiro avançou muito em 2011 e com o Grupo Boticário não foi diferente. O Brasil está prestes a ocupar o segundo lugar no ranking mundial do setor, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e ultrapassando o Japão. Com isso, temos cada vez mais oportunidades", afirma Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário.

Se de um lado o salto nas vendas de artigos de beleza e higiene pessoal demonstra o poder de consumo do país e representa oportunidades para as marcas já consolidadas ou em processo de consolidação, por outro lado esta evolução demonstra que a competição tende a aumentar no país.

Ao longo do ano, um grande número de marcas ou empresas desembarcou no Brasil com a expectativa de que o país é a "terra prometida", principalmente após a crise financeira global que tem levado europeus e americanos a comprar o mínimo possível.

A americana H2OH, a holandesa Rituals e a francesa Uriage são alguns exemplos de marcas que querem abocanhar um fatia de um mercado que movimenta por volta de R$ 30 bilhões no país.

Novos entrantes devem fazer com que, no médio a longo prazo, a disputa pelo consumidor de cosméticos aumente. Isso significa que os investimentos em publicidade poderão subir e que as margens poderão baixar.

Contra-ataque

Diante de novos entrantes no mercado da beleza, Grynbaum diz que o grupo está aumentando o número de lojas e buscando formas de incrementar a receita e atingir novos consumidores. "Nossa estratégia é tornar a vida da mulher mais bonita, o que não significa mais cara. Estamos sempre buscando a melhor equação custo-benefício", diz o presidente do grupo.

Com o sobe e desce das previsões do PIB, Miguel Krigsner, fundador e acionista do Boticário, diz que é necessário ter atenção e pulmão para operar o negócio sem falhar no capital de giro e no estoque. "Essas acelerações e desacelerações da economia nos levam a trabalhar com indicadores como histórico de vendas e informações diárias das lojas", diz Krisgner.

Para ampliar seu espectro, o grupo está testando o modelo de lojas Nativa SPA, voltada ao bem-estar, abriu Eudora, empresa de vendas diretas, e adquiriu participação na Scalina (detentor das marcas Trifil e Scala).

(Françoise Terzian l Brasil Econômico)

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