Comgás lança plano de investimentos na Baixada Santista

A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) irá mais que dobrar o volume de investimentos em infraestrutura de rede na Baixada Santista a partir do novo ano. A concessionária de gás natural canalizado investirá R$ 91 milhões entre 2012 e 2018, montante 117% superior ao realizado de 2008, quando inaugurou sua base em Santos, até este ano. No período, assentou 243 quilômetros de rede nas três cidades da região – Cubatão, Santos e São Vicente – e multiplicou a carteira de clientes residenciais de 2.900 apartamentos ligados para 23.500 até agora. No comércio, saiu de nove estabelecimentos para 194 abastecidos com combustível natural.
 
A partir de janeiro, a Comgás deflagra um plano para assentar 555 quilômetros de rede de distribuição de gás. A primeira etapa vai abranger bairros de Santos mais afastados da orla marítima. Na sequência, prevê chegar à zona noroeste da cidade – uma das últimas regiões de Santos que ainda não sofreram verticalização e, por isso mesmo, é alvo da cobiça do mercado de construção. Por último, começará em 2015 a maior das três novas ações: o "Projeto São Vicente", que interligará a região da praia de São Vicente à zona noroeste santista com 380 km de extensão de rede. "Esse será um longo trabalho, que poderá levar cerca de quatro anos. Aí fechamos o ciclo em Santos e São Vicente", afirma Wagner Longo, gerente regional da Comgás na Baixada Santista.
 
A empresa busca novas oportunidades na região. Guarujá é uma delas, desde que a taxa de população fixa aumente, garantindo o consumo constante. "A expectativa em relação a Guarujá é que a cidade tenha uma densidade populacional residente, enquanto não tiver isso, não gera potencial", afirma Longo. Segundo ele, o ideal é que o balneário turístico chegue próximo à relação que São Vicente tinha há quatro anos, quando a Comgás iniciou o projeto na região: 70% de habitantes fixos e 30% flutuantes. "Hoje, é o inverso.

Mas vamos esperar. Se a ligação seca entre Santos e Guarujá sair, a cidade passará pela mesma transformação que passou Praia Grande", afirma. Em agosto, o governador paulista, Geraldo Alckmin, anunciou o projeto de construção de um túnel pré-moldado conectando Santos à cidade de Guarujá pelo estuário do porto de Santos.
 
O porto de Santos também atrai a atenção da Comgás. Isso inauguraria um novo mercado para a empresa. Hoje, o porto é abastecido principalmente pela energia de Itatinga, uma usina hidrelétrica própria do complexo, localizada no município de Bertioga (Litoral Sul). Construída há 100 anos, Itatinga garantiu a autossuficiência energética do porto até o fim da década passada. Hoje, responde por quase 85% da energia consumida pelas instalações do complexo marítimo. O excedente é comprado no mercado comum, num intercâmbio com a concessionária CPFL. "Nós estamos atuando em outra parte, tentando trazer alguns projetos para levar novas aplicações, gerar energia através do gás natural. Pela expansão que o porto vai ter, sem geração de energia adicional vai ficar difícil", afirma Longo.
 
No mercado industrial, a Comgás iniciou o fornecimento na Baixada Santista, em Cubatão, há 12 anos, para atender o distrito industrial do município. Hoje, já tem 12 clientes naquele polo industrial. Não à toa, Cubatão responde por 97,5% do consumo total da Baixada Santista, que em 2011 (até novembro) ficou em 20,72 milhões de metros cúbicos por mês. O volume equivale a 5,1% do consumo total da Comgás, que foi de 406 milhões de metros cúbicos mensais entre janeiro e novembro de 2011.
 
Segundo Longo, os resultados da Comgás na região surpreenderam. "A gente aposta muito na evolução da Baixada Santista. Quando se fala em investimento na região, os números são de dezenas de bilhões de reais. Tudo isso traz crescimento populacional, riqueza, novos mercados e possibilidade de negócios. Santos foi considerada a cidade mais verticalizada do Brasil", diz, referindo-se a um recente levantamento feito pelo Ibope. "E viemos para atender inicialmente prédios habitados pelo mercado residencial, principalmente onde existem concentrações maiores".
 
A previsão para 2012 é que mais 4.100 apartamentos sejam ligados à rede de gás natural canalizado, um crescimento de 17% em relação a 2011. A projeção para o mercado comercial em 2012 é que mais 69 estabelecimentos sejam conectados, totalizando 264 desse setor até o fim do ano.

(Fernanda Pires | Valor)

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