Empresas começam a usar debêntures para financiar aquisições

As companhias no Brasil captaram R$ 234,9 bilhões no ano passado por meio de ofertas de renda variável e fixa nos mercados doméstico e internacional, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O volume é 30% superior ao montante captado em 2011.
 
O crescimento foi liderado pelas emissões de dívida no mercado internacional, que avançaram 54,2% e totalizaram R$ 95,8 bilhões. Na renda fixa local, a alta foi de 24,8%, para R$ 124,8 bilhões. O ano foi recorde para as captações em renda fixa, destacou Márcio Guedes, diretor da Anbima.
 
Com a redução das taxas de juros, começa a fazer mais sentido para as companhias se endividar para financiar a compra de ações de outras empresas. O investimento em participações societárias foi o destino de 19,3% dos recursos captados por meio de emissões de debêntures, mostra estudo da Anbima. Em 2011, essa parcela havia sido de 13,4%.
 
É um movimento oposto ao que se viu no ano passado com relação às ofertas de ações, que foram usadas principalmente para redução de passivos e menos para investimentos. “No nível de juros em que estamos hoje, começa a fazer sentido usar dívida para fazer aquisições”, afirma Guedes. “Há alguns anos, isso era impossível.”
 
Com as turbulências nos mercados internacional e brasileiro, o ano passado foi muito restritivo para a renda variável, com apenas três ofertas iniciais de ações e dez subsequentes. O volume captado, de R$ 14,3 bilhões, foi o menor desde 2005 e abaixo dos R$ 18,9 bilhões vistos no ano anterior. Em contrapartida, o ambiente mostrou-se favorável às emissões de debêntures, que cresceram 71% e totalizaram R$ 86,6 bilhões.
 
Nesse contexto e com a ajuda de taxas menores, a oferta de debêntures mostrou-se um caminho mais fácil para companhias interessadas em adquirir outras empresas e fazer investimentos. Poucas companhias encontraram uma janela favorável para as ofertas de ações e algumas tiveram de ir a mercado para reestruturar seus balanços.
 
(Talita Moreira | Valor)

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