Digitron vai abrir fábrica de discos rígidos em Manaus

A brasileira Digitron, fabricante de componentes eletrônicos, vai iniciar a fabricação de discos rígidos (HD) no Brasil. A montagem dos componentes – usados em computadores para o armazenamento de dados – será feita em uma fábrica na Zona Franca de Manaus. A fabricação, conforme apurou o Valor, marca a entrada da americana Western Digital no país. A Western Digital firmou um acordo de fabricação terceirizada com a Digitron, que ficará responsável pelos dispositivos montados no Brasil.

Trata-se de um projeto de peso, principalmente quando considerado que se destina à produção de um único tipo de componente. O plano da Digitron é investir R$ 158 milhões na fábrica de HDs nos próximos três anos. Desse total, a previsão é de que R$ 47 milhões sejam usados no primeiro ano de atividade. A empresa, que já tem uma fábrica em Manaus, voltada à produção de outros tipos de componente, deve contratar mais 40 pessoas para apoiar a nova operação. A produção estimada para o primeiro ano de atividade é de 4 milhões de HDs, saltando para 5 milhões de unidades no terceiro ano. Procurada, a empresa não quis falar a respeito do projeto.

Com a parceria da Western Digital, a fabricante brasileira acaba com o monopólio de produção de discos rígidos no país. Hoje, a única empresa que fabrica esse componente no país é a Samsung, o que garante à companhia coreana a liderança isolada de fornecimento desses dispositivos no país. Praticamente metade dos HDs usados por fabricantes de computadores do país – nacionais e estrangeiros com produção local – são fornecidos pela Samsung.

A Western Digital, que tem sede em Lake Forest, na Califórnia, alcançou a liderança nas vendas mundiais de HD no trimestre encerrado em junho, com entregas de 51,1 milhões de dispositivos de memória, contra 50,3 milhões da Seagate, que liderou esse mercado por mais de dez anos, segundo dados da consultoria americana iSuppli. As outras empresas no ranking das cinco maiores fornecedoras globais de HD foram Hitachi Global Storage, Toshiba/Fujitsu e Samsung.

Em entrevista recente ao Valor, a empresa informou que negociava para expandir sua atuação no Brasil. Procurada, a companhia preferiu não fazer comentários sobre o acordo.

O mercado de discos rígidos é um dos maiores do mundo na área de computação, só perdendo para os setores de semicondutores e telas de cristal líquido. Por ano, de acordo com relatório elaborado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o mercado mundial de HDs movimenta US$ 200 bilhões. Os processadores alcançam a cifra de US $ 500 bilhões, enquanto as telas são responsáveis por um movimento de US$ 300 bilhões. A taxa média de crescimento anual do mercado é superior a 20%.

(André Borges | Valor)

 

 

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