Fundo de investimento britânico 3i compra Óticas Carol por R$ 108 milhões

Segunda maior rede de óticas do País, empresa faturou R$ 300 milhões no ano passado e concentra cerca de 500 pontos de venda em 19 Estados; segmento é considerado “emergente” no consumo brasileiro e apresenta crescimento superior a 20% ao ano
 
O mais antigo fundo de investimento da Europa, com sede no Reino Unido, o Grupo 3i comprou ontem por R$ 108 milhões a Óticas Carol, a segunda maior varejista de óculos no País. A empresa, criada em 1997 em Sorocaba, tem 500 lojas, das quais 492 franqueadas em 19 Estados. Faturou no ano passado R$ 300 milhões.
 
 “Completei um ciclo de investimentos”, afirmou o empresário Marcos Amaro, filho do fundador da TAM Linhas Aéreas, o comandante Rolim Adolfo Amaro, que vendeu 95% da empresa para o fundo inglês. Ronaldo Pereira, presidente da rede varejista, continua no comando da empresa e será sócio minoritário da companhia.
 
 Nos últimos tempos, Amaro contou que foi muito assediado por investidores, e a negociação com o fundo inglês durou cinco meses. Ele adquiriu a rede varejista em 2008 por cerca de R$ 40 milhões. Na época, Amaro tinha uma distribuidora de óculos importados e representava marcas de luxo como a Tag Heuer.
 
 O empresário, que também é artista plástico, viu uma oportunidade de entrar para o varejo de ótica, diante do cenário favorável para o consumo,impulsionado pelo aumento da renda. “O setor era pouco profissionalizado e o País estava num ciclo de expansão.”
 
 O prognóstico de Amaro deu certo. Entre 2008 e 2012, os números da empresa deram um salto. A receita anual passou de R$ 120 milhões para R$ 300 milhões e a rede de lojas, de 200 unidades, restritas ao interior do Estado de São Paulo, para 500 espalhadas pelo País. Agora, Amaro acredita que, para levar adiante o plano estratégico da companhia, que é ter mil lojas em cinco anos, será necessário fazer um aporte de capital maior,o que superaria sua capacidade de investimento. Por enquanto, Amaro não revela qual será o próximo passo no mundo dos negócios, mas admite que avalia o segmento de inovação criativa e a área artística e cultural. Ele tem a Arbela e a V2 Investimentos,gestoras de capital de recursos próprios.
 
 Interesse. Marcelo Di Lorenzo, sócio, diretor administrativo e chefe do 3i Brazil, contou que o bom desempenho da empresa brasileira e as perspectivas favoráveis para o setor fizeram com que o fundo procurasse a rede varejista para fazer uma oferta de compra.”O setor é muito fragmentado e tem crescido a uma taxa de 15% ao ano nos últimos anos.Além disso,a população está envelhecendo e a perspectiva é aumentar o uso de óculos”,prevê.Ele explicou que os investidores institucionais Neuberger Berman e Siguler Guff são coinvestidores na rede varejista.
 
 Estudo recente feito pela consultoria GS&MD Gouvêa de Souza revela que as vendas de óculos no varejo movimentaram no ano passado R$ 19,5 bilhões, com crescimento de 23% em relação a 2011. Para este ano, a expectativa é de uma taxa de crescimento um pouco maior, de 25%. Em cinco anos, a estimativa é que as vendas atinjam R$ 39,2 bilhões.
 
 Di Lorenzo contou os planos ambiciosos que tem para rede varejista. A meta para os próximos três a cinco anos é ter 1,3millojas e atingir R$ 1 bilhão em faturamento com a rede franqueada. Já a receita auferida com os royalties das franquias e serviços de laboratório deve triplicar no mesmo período e somar R$ 200 milhões.
 
 “Vemos boas perspectivas para o Brasil”, disse Di Lorenzo.Tanto é que esse é o segundo negócio fechado pelo fundo no País. Em dezembro de 2011, o fundo tornou-se sócio minoritário na Blue Interactive. Gastou R$ 100 milhões pela compra de participação na empresa de TV a cabo e banda larga. Desde abril de 2011, quando o fundo inglês abriu escritório no Brasil, até hoje, foram avaliadas maisde560oportunidadesdeinvestimentos.
 
Desse total, 140 propostas foram detalhadas e dois negócios fechados. “Temos de quatro a seis negócios em gestação”, disse, lembrando que o fundo tem US$ 20 bilhões aplicados em empresas espalhadas pela Europa, Ásia e Américas. Ele avalia oportunidades nos segmentos de consumo, serviços empresariais, saúde e indústria.
 
(Fusões e Aquisições)

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