Expansão do setor desafia Eldorado

A Eldorado Brasil, produtora de celulose branqueada de eucalipto controlada pela J&F, holding da família Batista que controla a JBS Friboi, chegará ao mercado a partir de novembro com vantagem ante a concorrência, diante da inexistência de outros projetos da indústria de celulose até meados de 2013 e do relativo aperto entre oferta e demanda. Contudo, enfrentará um cenário bastante diferente para executar seu plano de expansão, que prevê triplicar o volume de produção em Mato Grosso do Sul até 2020.
 
Em seu primeiro contato com jornalistas à frente da empresa, o novo presidente, José Carlos Grubisich, contou ontem que os planos traçados até o fim da década passam pela implantação de mais duas linhas produtivas de 1,5 milhão de toneladas por ano – mesmo porte da unidade inicial, que hoje seria a maior do mundo. Somadas a projetos de desgargalamento, as novas unidades levarão a capacidade a 5 milhões de toneladas anuais em 2020.
 
A segunda linha, conforme o executivo, deve entrar em operação também em Três Lagoas (MS) em 2017, quando já devem estar em atividade, se cumpridos os cronogramas, ao menos seis novas fábricas de celulose, com capacidade mínima de 1,3 milhão de toneladas anuais cada uma da Suzano Papel e Celulose, Stora Enso e Arauco (no Uruguai), Fibria, Klabin e da chilena CMPC. A terceira linha da Eldorado está prevista para 2020 – o projeto inicial contempla área suficiente para instalação de três linhas.
 
"Temos a visão de que o mercado mundial de celulose é grande", afirmou Grubisich, destacando que a demanda global por celulose de eucalipto cresce ao ritmo de 4% a 5% ao ano. "Entendo que há espaço para uma nova fábrica, com 1,5 milhão de toneladas por ano, a cada 1 ano e meio", afirmou. O executivo destacou ainda que a empresa nasce com compromissos financeiros adequados a sua geração de caixa, que também poderá ser usada para novos investimentos. A Eldorado poderá ainda, no futuro, acessar o mercado acionário para financiar parte de seu plano de expansão.
 
Os investimentos da empresa nessa primeira fase, que alcançará plena operação em 2013, totalizam R$ 6,2 bilhões, incluindo área industrial e florestal. Segundo Grubisich, 31% dos recursos se referem a aportes dos acionistas e 69% virão de agentes financiadores, com destaque para o BNDES e as chamadas ECAs (agências de crédito às exportações).
 
Neste momento, contou o executivo, a produtora de celulose está trabalhando em sua estrutura comercial e terá escritórios na China, Europa e Estados Unidos, três mercados considerados como referência para a indústria mundial de celulose e papel.
 
A holding J&F detém, diretamente, 50,15% do capital da Eldorado, que em breve deve solicitar registro de companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sem listar ações. Considerando-se a fatia do FIP Florestal – que tem como acionistas a própria J&F, os fundos de pensão Petros e Funcef e a MJ Empreendimentos, do empresário Mário Celso Lopes – na empresa, de 33,13%, a J&F alcança participação de 58,14%. A MJ, por sua vez, detém outros 16,72% diretamente na empresa.

(Stella Fontes | Valor)

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