Fundo Tarpon compra grifes da Morena Rosa

Em uma nova investida no setor de moda e vestuário, a gestora de recursos Tarpon anunciou ontem a compra de uma participação de 60% na confecção paranaense Morena Rosa, por R$ 240 milhões. A empresa é dona de quatro grifes e tem planos de ampliar a rede de lojas próprias.
 
Com um esquema eficiente de distribuição e investimentos na divulgação das marcas, que incluíram a contratação da modelo inglesa Naomi Campbell como garota-propaganda e a divulgação em revistas especializadas, o faturamento do grupo cresce a taxas de aproximadamente 25% ao ano e, pelas estimativas de mercado, encerrou 2011 em cerca de R$ 300 milhões.
 
A Morena Rosa foi criada em 1993 pelo empresário Marco Franzato – um ex-contador que até os 15 anos trabalhava na colheita de café em Cianorte, no oeste do Paraná – ao lado da mulher e de dois cunhados, a partir de um investimento inicial de US$ 8 mil.
 
Voltada para mulheres jovens, na faixa dos 20 anos, a grife Morena Rosa é o carro-chefe da confecção, que também conta com as marcas Maria Valentina, com foco no público adulto feminino, e as infanto-juvenis Zinco e Joy – esta última adquirida em 2009.
 
As vendas da companhia hoje são realizadas principalmente pela distribuição em quase 2 mil lojas multimarcas em todo o país. Capitalizada, a empresa deve acelerar o plano de abertura de lojas próprias, que teve início em 2010. Na ocasião, Franzato afirmou ao Valor que a meta da companhia era chegar a 2020 com todas as grifes faturando cerca de R$ 200 milhões ao ano cada.
 
Com apenas quatro pontos de venda próprios, a Morena Rosa ainda tem um longo caminho a percorrer, daí o interesse do fundo. A estratégia de expansão já foi adotada em outras companhias que receberam recursos da Tarpon, como Arezzo, Hering e Marisa. A exemplo dos investimentos anteriores do fundo, a expectativa é de que Franzato permaneça à frente do negócio, e que a gestora indique um executivo para comandar a parte financeira da companhia.
 
Além da confecção, o grupo Morena Rosa possui outros negócios, como um hotel, emissora de rádio e imóveis. Esses investimentos devem ficar de fora do acordo com a Tarpon.
 
A compra da participação na confecção pela gestora deve aquecer ainda mais o já competitivo segmento de varejo de vestuário, que vem passando por uma consolidação. A Inbrands, empresa controlada pela gestora Vinci Partners, realizou uma série de aquisições no ano passado. A Le Lis Blanc também partiu para as compras e pretende abrir lojas próprias das marcas adquiridas. A explicação para o movimento é o aumento da renda da população, que abre espaço no orçamento para maiores gastos com roupas.
 
Com o caixa recheado de recursos após captações bilionárias realizadas em anos anteriores, os fundos de private equity – que investem na compra de participações em empresas – são candidatos naturais às compras desse tipo de companhia.
 
A Tarpon possui uma estratégia mais flexível em relação às demais firmas, já que pode deter posições de controle ou minoritárias tanto em empresas fechadas como listadas em bolsa. No final do ano passado, a gestora reunia um total de R$ 6,9 bilhões em recursos sob gestão.

(Vinícius Pinheiro | Valor)
 

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