Grupo construtor do Rafale busca parceiros no RS

Enquanto a Boeing e representantes do governo americano aumentam a pressão para emplacar a venda de 36 caças F-18 Super Hornet na concorrência aberta pela Força Aérea Brasileira (FAB) dentro do programa FX2, de R$ 10 bilhões, o consórcio francês Rafale segue sua peregrinação para angariar aliados pelo país. Nesta quarta-feira o executivo Jean-Marc Merialdo, representante no Brasil do grupo que reúne as empresas Dassault Aviation, Snecma e Thales, reuniu-se com empresários, executivos e representantes do governo do Rio Grande do Sul para prospectar potenciais parcerias e contratos de fornecimento com empresas e instituições acadêmicas locais.
 
Conforme Merialdo, a oferta do grupo, que inclui compartilhamento de tecnologia “sem nenhuma restrição”, não será alterada caso o atual presidente francês, Nicolas Sarkozy, perca o segundo turno da eleição presidencial para o socialista François Hollande. “Uma mudança de governo não altera nada porque a política industrial de defesa na França é uma política de Estado”, afirmou o executivo. “Qualquer que seja a cor do novo governo, ele vai cumprir o que for prometido”, acrescentou.
 
O executivo disse que o consórcio mantém-se “otimista” em relação ao resultado da concorrência, da qual também participa a sueca Saab Grippen, porque ofereceu um avião mais barato, “de primeira linha, de altíssima tecnologia e com capacidades operacionais comprovadas em ações reais”. Disse ainda que, como a tecnologia é 100% francesa, não há necessidade de “autorização estrangeira” para o acordo de compartilhamento com o Brasil.
 
Para Merialdo, o aumento da pressão americana sobre o governo brasileiro é normal dentro de um contexto de “competição internacional”. “Isto já aconteceu antes e não impediu que em janeiro a Força Aérea da Índia, que faz parte dos Brics, escolhesse o Rafale numa disputa que também envolvia o F-18 e o Grippen”, lembrou.
 
De acordo com ele, a realização de novos encontros com empresários brasileiros vai depender do tempo que o governo levará para escolher o modelo vencedor. Ele explicou que o consórcio já identificou mais de 50 empresas e instituições acadêmicas no Brasil para desenvolver parcerias caso o avião francês seja o escolhido. No Rio Grande do Sul, os acordos preliminares incluem a unidade local TAP Manutenção e a AEL Sistemas, além da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
 
Se o Rafale vencer a concorrência da FAB, o grau de componentes nacionais incorporados às aeronaves vai crescer gradualmente, acrescentou Merialdo. Além disso, de acordo com ele, também estão sendo prospectados parceiros para possíveis projetos individuais das empresas participantes do consórcio, como a Snecma, do grupo Safran, que tem interesses nas áreas de energia eólica e biocombustíveis.
 
(Sérgio Ruck Bueno | Valor)
 

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