Leardini compra Cavalo Marinho e entra em mexilhões

Objetivo da empresa catarinense é multiplicar em 20 vezes a produção e faturar R$ 36 milhões com o negócio até 2014.

A Leardini Pescados, empresa familiar sediada em Navegantes (SC) e com faturamento de R$ 200 milhões advindos da venda de alimentos como camarão, merluza e pratos prontos, está mergulhando em nova fase de expansão.

A empresa acaba de adquirir a também catarinense Cavalo Marinho, uma das maiores fornecedoras de mexilhão do país e responsável por uma receita de R$ 4 milhões no ano passado.

Embora o valor da transação seja mantido em segredo, Attílio Sergio Leardini, presidente da Leardini, admite que investirá outros R$ 30 milhões na empresa, nos próximos dois anos, para ampliar a produção.

Seu objetivo é multiplicar a produção atual da Cavalo Marinho – volume não revelado – em 20 vezes em um período de três anos. A meta para 2014 é fazer com que o faturamento da Cavalo Marinho salte de R$ 4 milhões para R$ 36 milhões.

"Queremos virar a balança comercial do mexilhão, uma vez que o Brasil hoje é um grande importador do Chile e um pequeno produtor. Vamos transformar o país em um grande consumidor e exportador", avisa Leardini.

Com o prometido aumento vertiginoso da produção, em três anos, o empresário planeja reduzir o preço do mexilhão em 70%. Leardini explica que o quilo do mexilhão produzido no Chile custa US$ 2,20, enquanto que o vendido no Brasil não sai por menos de US$ 6.

Para ampliar a produção, vale lembrar, a empresa precisará obter novas áreas de concessão com o Ministério da Pesca e Aquicultura. O pedido já foi feito à ministra Ideli Salvatti. Agora, a Leardini aguarda a liberação de novas áreas para o cultivo do mexilhão na região de Santa Catarina.

A compra da Cavalo Marinho é apenas a primeira que a Leardini deve fazer neste ano. Com seus negócios 100% focados na pesca de captura, agora a Leardini mira empresas de aquicultura, baseadas na produção de pescados em cativeiro.

O avanço sobre a aquicultura está diretamente ligado à sustentabilidade do negócio. Com os períodos de proibição de pesca e escassez de algumas espécies, o futuro das empresas que vivem só da captura será mais difícil. "O potencial da aquicultura brasileira é tão grande quanto o do frango e o da carne bovina. O que falta ao país é tecnologia", diz Leardini.

Sua intenção com a aquicultura é avançar tanto no mercado interno quanto no externo. Em relação aos mexilhões, a ideia é exportar o produto para vários países da Europa e também os Estados Unidos.

Sinergia

A compra daCavalo Marinho não foi integral. A Leardini comprou a maior parte do negócio, sem detalhar o percentual. O fundador do negócio, além de acionista minoritário, permanecerá como presidente do negócio.

A Cavalo Marinho, que hoje comercializa mexilhão fresco e congelado para supermercados e restaurantes, fica instalada em Palhoça (SC), a exatos 100 quilômetros da sede da Leardini, em Navegantes (SC).
A empresa adquirida, garante Leardini, continuará a operar com independência total e seus 70 funcionários.

"Nada muda. Não haverá reduções. Pelo contrário, queremos crescer. A única coisa que vai acontecer é a integração das áreas comercial, financeira e logística, o que fortalecerá as duas marcas", diz.

(Françoise Terzian l Brasil Econômico)

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