Mangels entra com pedido de recuperação judicial

 A Mangels Industrial, fornecedora de rodas de liga leve de alumínio para montadoras, entrou hoje com pedido de recuperação judicial. Apesar dos esforços da administração com credores para solucionar a situação econômico-financeira, explicou em nota, o pedido tornou-se inevitável diante do insucesso na renegociação das dívidas com instituições financeiras em termos que permitissem a continuidade das atividades industriais do grupo.

“O ajuizamento do pedido de recuperação judicial visa preservar o valor do conjunto empresarial, atender na medida dos recursos disponíveis às partes interessadas e, principalmente, assegurar a continuidade das atividad es produtivas com pleno aproveitamento de seu potencial de negócios”, afirma a empresa em documento.

A companhia, fundada em 1928 em São Paulo, começou a apresentar dificuldades financeiras em 2008, com a crise financeira internacional. “A partir de então, não foi possível manter os níveis de crescimento e de aumento da produção até então obtidos”, diz a empresa no pedido de recuperação judicial.

As dificuldades foram agravadas com a reversão do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a “créditos prêmio de exportação” obtidos no fim dos anos 90 e início da década de 2000. Para encerrar esse litígio com a Receita Federal, a Mangels teve de pagar R$ 54 milhões, em 12 parcelas, sendo a primeira em novembro de 2009.

O agravamento da crise na Europa em 2011 teve impacto direto na divisão de aços. “Os preços no mundo todo, inclusive no Brasil, tiveram de ser reduzidos de 30% a 40%”, afirma, no pedido de recuperação judicial. Esse fato resultou em prejuízo para o setor da Mangels – o primeiro em 20 anos de produção.

“As margens negativas da divisão de aços prosseguiram em 2012, tornando-a insustentável.” Dessa forma, a Mangels decidiu fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que teve as operações gradativamente reduzidas até a paralisação em julho deste ano.

No início deste ano, a Mangels começou a renegociar sua dívida bancária e a implementar um processo de venda de ativos, como a fábrica desativada de São Bernardo. Entretanto, não obteve sucesso na discussão com os bancos, o que gerou “enorme dificuldade na administração do fluxo de caixa”.

A companhia tem registrado prejuízo desde o segundo semestre de 2011, com exceção do primeiro trimestre do ano passado, quando teve um pequeno lucro. Nos seis meses iniciais deste ano, a empresa acumulou prejuízo de R$ 9,3 milhões. Em todo o ano de 2012, o prejuízo foi de R$ 53,2 milhões; em 2011, correspondeu a R$ 11,6 milhões.

A receita líquida nos seis meses de 2013 soma R$ 229,75 milhões. Em todo o ano de 2012, o indicador ficou em R$ 474,3 milhões e, em 2011, em R$ 722,9 milhões. Os custos de produtos vendidos nos seis primeiros meses deste ano ficaram em R$ 205,138 milhões.

(Daniela Meibak e Silvia Fregoni | Valor)

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