Mercado de beleza tende a nova rodada de aquisições

A Procter & Gamble (P&G) acha a Nivea uma "marca global incrível", e já deixou escapar que tem uma leve queda pela Avon – a empresa americana que estaria hoje no alvo da L”Oréal. Líder mundial em cosméticos, a L”Oréal também já teria sondado a alemã BDF Nivea Beiersdorf, a mesma que tem recebido elogios da P&G. Nos últimos tempos, algumas das maiores fabricantes de cosméticos e produtos de higiene pessoal no mundo estariam sondando algumas das maiores fabricantes de cosméticos e produtos de higiene pessoal no mundo. E o Brasil pode acabar sendo afetado por um eventual movimento de aquisições globais.

Tudo porque o que essas marcas globais querem com novas aquisições é um pedaço maior das vendas nos países emergentes. "O mercado no mundo está maduro para uma próxima rodada de negociações", escrevem em relatório os analistas do UBS, Eva Quiroga e William Houston. E nessa nova fase, Brasil, China, Colômbia e África do Sul terão papel relevante nos planos de aquisições, afirmam os analistas consultados pelo Valor.

O caso da Avon ilustra bem esse cenário, disse Rick Jones, da NCM Capital Management Group. A L”Oréal estaria próxima de apresentar uma proposta de compra para a companhia americana, informou o jornal inglês "Daily Mail" no dia 10. Nenhuma das empresas comenta nada. O interesse da multinacional francesa está na fatia de 40% das vendas da Avon obtida em países emergentes. São mais de US$ 2,1 bilhões em vendas de janeiro a junho nessas regiões, volume 19% superior ao de 2009. "A Avon registra ganhos operacionais por conta do bom desempenho nesses mercados", disse Jones.

Segundo dados da Euromonitor International, enquanto as vendas mundiais de cosméticos e produtos de higiene pessoal cresceram pouco mais de 6% entre 2002 a 2008, no Brasil essa expansão foi de 16%, a segunda maior taxa de crescimento na América Latina, só inferior à da Venezuela. Em 2009, esse setor faturou US$ 340 bilhões no mundo, uma queda de 2% sobre 2008.

Para a L”Oréal, que vende mais que o triplo da Avon, ainda haveria outra tacada com o negócio: a possibilidade de complementar a operação. É que por mais que uma eventual negociação com a Avon pareça descabida (a L”Oreal não vende nada no porta a porta) ela pode ser um bom exemplo do novo caminho que o mercado deve tomar. "Todos devem concorrer com todos no futuro. Então, é possível que tenhamos empresas globais operando tanto no varejo quando na venda direta", disse o analista setorial John Feney.

Em parte, esse mesmo raciocínio explica outras duas movimentações no mercado. O presidente mundial da P&G, Bob McDonald, tem falado abertamente que a marca Nivea é interessante. A Procter estaria de olho no mercado de produtos de beleza masculino e poderia ampliar a atuação na área de cremes faciais para mulheres. Por serem negócios complementares, um eventual acordo P&G/Nivea é algo que reforça a teoria de que a concentração é inevitável.

"Pode ver por essa gôndola", diz um executivo da Nivea no Brasil, ao apontar para uma prateleira de supermercado. "Estamos no meio de gigantes, com a Unilever de um lado e a Procter do outro. Não é fácil, não".

Novos concorrentes podem entrar nesse segmento no país. O Valor apurou que a Oriflame, empresa francesa de vendas diretas, quer iniciar operação por aqui. Com faturamento superior a € 1,3 bilhão, a companhia estuda adquirir uma empresa com estrutura local montada, para se expandir mais rapidamente. A Jequiti teria sido sondada. A companhia não se manifestou sobre o assunto.

(Adriana Mattos | Valor)
 

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