Parceria do BTG com estrangeiros abre vitrine para brasileiras no exterior

São Paulo – Para obter recursos, o BTG Pactual poderia escolher entre novos sócios ou a realização de um IPO (a oferta pública inicial de capital). O que pesou a favor da primeira opção, anunciada hoje (06/12) pelo banco, foi a possibilidade de ampliar relacionamentos com fundos internacionais – e, assim, aumentar a exposição do banco no exterior, além de facilitar a oferta de investimentos estrangeiros para empresas brasileiras que querem investir.

A operação com o grupo internacional de investidores teve valor de 1,8 bilhão de dólares e o montante deverá ser recebido ainda em dezembro. Após a transação, o BTG Pactual terá um patrimônio líquido de cerca de 4,3 bilhões de dólares. O acordo foi antecipado pela seção Primeiro Lugar da edição 975 de EXAME.

"Preferimos essa operação e não o IPO para, além de receber o capital, criar uma relação estratégica com esses investidores", disse André Esteves, CEO do banco, em teleconferência com a imprensa. O capital que está sendo levantado será empregado em todas as atividades do banco. "O uso do capital adicional será feito em linha com o que fazemos hoje, o levantamento de capital não tem um fim específico”, disse Esteves. Mas agora a base de capital foi ampliada.

Apesar de não ter um destino específico, a venda da fatia de pouco menos que 18,65% do banco teve dois objetivos, segundo Esteves: aumentar a base de capital da operação e estabelecer uma relação estratégica com os investidores.

O consórcio internacional de investidores é composto por associados do Government of Singapore Investment Corporation (GIC), China Investment Corporation (CIC), Ontario Teachers’ Pension Plan Board (OTPP), Abu Dhabi Investment Council (ADIC), J.C. Flowers & Co. LLC, RIT Capital Partners e a família Lord Rothschild, o Grupo Santo Domingo, EXOR, a companhia de investimentos controlada pela família Agnelli, e a Inversiones Bahia, companhia holding da família Motta. "Há três dos maiores fundos soberanos do mundo”, afirmou Esteves. Os grupos de famílias têm participação minoritária.

"Esses investidores compartilham uma visão comum de acharem o Brasil e a América Latina promissores quanto à estrutura e a investimentos, e compartilham a visão de que o BTG Pactual pode ser uma boa porta de entrada”, afirmou o CEO.

Com a ligação com esses investidores, Esteves acredita que surge uma conexão para investimentos de fora para dentro do Brasil "muito especial", o que ajuda clientes brasileiros que têm projetos no país e precisam de capital de longo prazo. O banco também imagina expandir sua franquia de banco de investimento na América Latina e sua franquia de asset management em mercados emergentes. Esteves destacou México, Colômbia, Chile e Peru como países que certamente apresentam oportunidades.

Os fundos soberanos demonstram grande interesse no setor de infraestrutura e no mercado imobiliário. "Uma das áreas de interesse desses fundos é o mercado imobiliário brasileiro, que oferece grandes retornos e é atraente para capitais de longo prazo. Certamente é uma área de interesse", disse Esteves.

Aquisições e IPO vetados no curto prazo

Apesar de preterido em relação aos novos sócios, o IPO não foi descartado. No médio prazo. "Acho que o IPO é o futuro natural de qualquer empresa que está crescendo. No horizonte de médio prazo continua fazendo sentido”, disse o CEO. Também não há previsão de aquisições no setor financeiro no curto prazo, mas o banco segue “aberto a oportunidades”.

Em 2011 o banco prevê manter seu ritmo de contratações – o quadro de pessoal cresce cerca de 10% a 20% ao ano, segundo o CEO. Esteves destacou a importância da liderança no Brasil. Para o CEO, consolidar uma posição líder no Brasil é necessário para ter uma presença internacional sólida.

(Beatriz Olivon | Portal Exame)

 

 

 

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