Reajuste de aluguel no Rio é mais que o triplo da inflação

Os contratos de aluguel residencial no Rio de Janeiro tiveram reajuste de 28,5% nos últimos 12 meses encerrados em agosto, segundo o índice Fipe-Zap, uma parceria entre a instituição de pesquisa paulista e o site de locação de imóveis. A alta é mais que o triplo do aumento acumulado do IGP-M, que tradicionalmente serve de base para os contratos, no período. Em São Paulo, nas novas locações, os inquilinos estão desembolsando de 17% a 18% mais, segundo o Secovi-SP, o sindicato do setor de habitação.

A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou, nesta quinta-feira, o IGP-M de setembro. Embora os dados mostrem um leve recuo no acumulado em 12 meses até este mês (7,46%, ante 8% até agosto), especialistas e administradoras avaliam que os preços dos aluguéis vão continuar a subir. No mês, o IGP-M avançou 0,65%, ante 0,44% em agosto, puxado pela alta de 0,74% dos preços no atacado (IPA) e de 0,59% daqueles ao consumidor (IPC), que respondem por mais de 60% do índice. No acumulado do ano (janeiro a setembro), a taxa está em 4,15%.

Para o economista da FGV, André Braz, a alta de 0,65% de setembro já refletiu algum efeito do aumento do câmbio. Para outubro, ele estima que o IGP-M vai desacelerar, fechando o ano ligeiramente abaixo do teto da meta de inflação medida pelo IPCA (índice oficia de preços), que é de 6,5%.

Caso o IGP-M de fato desacelere, o cabo de guerra entre inquilinos e proprietários só tende a aumentar com o descolamento entre o preço dos aluguéis e a variação do índice. Na Moura e Lopes Administração, que administra contratos de locação de 950 imóveis no Rio, todo dia um inquilino é convidado a retirar-se do apartamento em que mora por discordar do reajuste.

– O proprietário quer que o aluguel acompanhe o preço de venda do imóvel, que explodiu em dois anos – diz o diretor da administradora, Júlio César de Moura.

Um apartamento de dois quartos no Leblon, por exemplo, é alugado por R$ 2.200 ao mês, em média, segundo ele. Há dois anos, pagava-se R$ 1.400 mensais, alta de 57%. Segundo Rubem Vasconcellos, vice-presidente da Ademi, que reúne empresas do setor imobiliário, o preço do aluguel corresponde a de 0,5% a 0,6% do valor do imóvel. Na capital paulista, a mesma situação.

– Se ele (o locatário) devolver o imóvel e for buscar outro no mercado, vai pagar um valor superior ao que vinha pagando por um das mesmas características – afirma Hilton Pecorari Baptista, diretor de locação do Secovi-SP.

(Danielle Nogueira l O Globo)

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