Incorporadoras perto de atingir as metas de 2011

Em um ano em que o mercado chegou a duvidar que boa parte das incorporadoras de capital aberto pudesse cumprir as respectivas metas de lançamentos imobiliários por conta da menor velocidade de vendas, da desaceleração do crescimento econômico, do foco em geração de caixa e da demora na aprovação dos projetos, no momento, os indícios são de que a maior parte das empresas conseguirá entregar o que prometeu para 2011.
 
A EZTec, por exemplo, informou ter alcançado sua meta, enquanto PDG Realty, maior empresa do setor, chegou a 97% do planejado até sexta-feira.
 
O crescimento esperado para 2012 é menor que o apresentado pelo setor neste ano, pois as próprias incorporadoras já deixaram claro que as atenções se voltarão mais para geração de caixa e rentabilidade. Por enquanto, não há expectativa que a crise internacional se reflita em retração da demanda por imóveis, mas não se espera retomada da velocidade de vendas de 2010. Uma preocupação do mercado é o que acontecerá com os preços dos estoques de imóveis prontos a serem entregues.
 
Em relação ao crédito imobiliário, incorporadoras dizem que os bancos que atuam na modalidade não mudaram sua postura mesmo com as intempéries da economia mundial e com a desaceleração do crescimento do país. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o financiamento habitacional com recursos da poupança deve crescer de 30% a 40% no próximo ano ante os R$ 80 bilhões projetados para 2011.
 
Até a última semana, a PDG Realty lançou 97% do ponto mínimo da meta, que vai de R$ 9 bilhões a R$ 10 bilhões. "Vamos cumprir a meta", afirma o presidente da PDG, Zeca Grabowsky. Segundo ele, a velocidade de vendas dos imóveis da PDG no quarto trimestre ficou parecida com a do terceiro trimestre.
 
Em São Paulo, a PDG sentiu desaceleração no ritmo de comercialização neste fim de ano, mas o executivo atribui isso ao fato de os consumidores estarem decidindo a compra com menos urgência, num cenário em que os preços tiveram alta acentuada, do que à desaceleração da economia.
 
Para 2012, a PDG tem meta de lançar de R$ 9 bilhões a R$ 11 bilhões, o que vai significar ficar em linha com 2011 ou ter expansão de até 22%. O mais provável, conforme Grabowsky, é que ocorra de crescimento nominal zero a alta de 10%. "Daremos prioridade à rentabilidade e a geração de fluxo de caixa", diz. Conforme o executivo, a velocidade de vendas em 2012 deve ser menor que a de 2011, mas a diferença não será relevante.
 
O presidente da Gafisa, Dulio Calciolari, estima que, com o lançamento que estava previsto para o fim de semana, a empresa tenha alcançado VGV pouco acima de R$ 3,5 bilhões, dentro da faixa projetada. Em novembro, a Gafisa anunciou redução da meta de lançamentos deste ano do intervalo de R$ 5 bilhões a R$ 5,6 bilhões para de R$ 3,5 bilhões a R$ 4 bilhões. A redução da meta ocorreu principalmente nas operações da Tenda.
 
Em reunião com analistas e investidores realizada na última semana, em São Paulo, o diretor financeiro e de relações com investidores da Rossi Residencial, Cassio Audi, afirmou que a empresa estava confortável em cumprir a meta de lançamentos, que é de R$ 4,2 bilhões a R$ 4,6 bilhões.
 
A EZTec lançou, até a semana passada, R$ 1,010 bilhão, atingindo a meta de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão para o ano. Hoje, a empresa lança projeto residencial, com VGV de R$ 167 milhões. Os lançamentos do quarto trimestre corresponderam a 20% do ponto médio da meta para o ano. O diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emílio Fugazza, estima 60% de vendas dos produtos lançados no segundo semestre para a classe média em seis meses e da mesma parcela para a média-alta renda em três meses.
 
As empresas que o mercado aponta como aquelas que não poderão atingir as respectivas metas de lançamentos são Cyrela Brazil Realty, Brookfield Incorporações e Tecnisa. "Vamos cumprir as metas ou ficar muito próximos à parte inferior dos guidances de lançamentos e vendas", assegura o vice-presidente financeiro da Cyrela, José Florencio Rodrigues, explicando que os consumidores estão mais seletivos, mas a demanda continua aquecida. A faixa projetada de lançamentos vai de R$ 7,6 bilhões a R$ 8,5 bilhões, enquanto a meta de vendas vai de R$ 6,9 bilhões a R$ 7,7 bilhões.
 
O guidance da Cyrela para 2012 é de R$ 8,7 bilhões a R$ 9,8 bilhões para lançamentos e de R$ 8 bilhões a R$ 8,9 bilhões para vendas. Essas metas poderão ser revisadas, mas o orçamento da companhia para o ano que vem ainda está sendo discutido e precisa ser submetido ao conselho de administração. "É provável que tenhamos crescimento nominal de 10% a 15% no VGV, com aumento por metro quadrado praticamente nulo, mas isso ainda é passível de alguma mudança", diz Rodrigues.
 
O diretor financeiro e de relações com investidores da Brookfield Incorporações, Cristiano Machado, afirma estar confiante que será possível cumprir a meta de lançar de R$ 4 bilhões a R$ 4,2 bilhões em 2011. Até o terceiro trimestre, os lançamentos somaram R$ 2,125 bilhões. "Temos de lançar R$ 1,9 bilhão no quarto trimestre, de um portfólio de R$ 2,3 bilhões de projetos em aprovação", conta Machado. Sem revelar quanto já foi lançado no trimestre, o executivo conta que se trata de "um bom porcentual".
 
Na Brookfield, assim como na Tecnisa, o que falta lançar depende de aprovação de projetos. "Não cumprimos nossa meta ainda, mas acreditamos que conseguiremos. A aprovação do projeto pelos órgãos públicos está demorando mais do que gostaríamos", conta o diretor financeiro da Tecnisa, Thomas Brull. Até o terceiro trimestre, a Tecnisa lançou metade da meta de R$ 2,2 bilhão. "No ano passado, foi a mesma coisa, e cumprimos o prometido. Estamos trabalhando bastante, nem parece fim de ano."
 
A MRV Engenharia informou ao mercado, no início do ano, meta de vendas contratadas de R$ 4,3 bilhões a R$ 4,7 bilhões e margem Ebitda de 25% a 28%. Segundo o presidente da empresa, Rubens Menin, a expectativa é de cumprimento das metas. "O mês de dezembro é o mais forte para o setor, especialmente para quem atua no popular, por causa do 13º", diz.
 
A empresa reduziu o valor de 8,8 mil unidades em lançamento ou lançadas, mas ainda não vendidas, em resposta à ampliação do teto do valor do imóvel sobre a qual incide a alíquota de 1% do Regime Especial de Tributação (RET) de R$ 75 mil para R$ 85 mil, anunciada pelo governo no início do mês. A medida contribui para que a MRV cumpra sua meta de vendas, segundo Menin.

(Chiara Quintão | Valor)

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