Rimet se ajusta para enfrentar importados

Em momento de dificuldades nas vendas, a fabricante de embalagens de aço Rimet está realizando uma reorganização dos negócios, com foco em produtos de maior valor agregado. A estratégia é tentar melhorar as margens e aumentar a competitividade, para sobreviver ante os altos custos, a invasão dos importados e a substituição de materiais.

Segundo o Valor apurou, a empresa está apostando no segmento químico e na área de ração animal. Hoje, 57% dos resultados da companhia vêm dos envasadores de conservas e legumes. Outra área importante é a de atomatados, com 13% e a de carnes, com participação de 10%. A área de ração animal – que cresce dois dígitos ao ano, segundo informações da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço) – representa 4% dos negócios, enquanto a de químicos representa apenas 5%.
 
Dentre as cinco fábricas da Rimet, a de Barra Mansa (RJ) – que antes era um armazém de equipamentos – passará a produzir baldes para produtos químicos. A ideia é atender melhor os grandes envasadores desse setor, como a Ipiranga e a Petrobras. A fábrica de Lins (SP), onde são produzidas embalagens para café, carne e ração animal também deve entrar no foco da companhia.

Na fábrica de Resende (RJ), a empresa faz a litografia, enquanto na unidade de Pelotas (RS), são fabricadas embalagens para pêssegos e carne. Mas foi principalmente em Luziânia (GO) – onde são produzidas latas para milho, ervilha, tomate – que os resultados foram pressionados. Segundo já tinha afirmado ao Valor no segundo semestre do ano passado o presidente da Rimet, Fábio Rohr, variações climáticas nas regiões produtoras de alimentos abalaram os negócios das envasadoras, o que trouxe consequências negativas para a Rimet.

Além do clima, a concorrência dos produtos importados, crescente diante das flutuações do câmbio, também tem pressionado os resultados da empresa. "Estão entrando no país os produtos completos, as latinhas com alimentos dentro", afirmou uma fonte. Muitos setores, como o de atomatados, estão enfrentando ainda a competição das embalagens de outros materiais, como o plástico.

Com capacidade de transformação de 4 mil toneladas de aço por mês, o Valor apurou que a empresa estava utilizando apenas 2,2 mil toneladas dessa capacidade no fim do ano passado.

Na semana passada, a fabricante de embalagens anunciou que sua controladora, a Companhia Brasileira de Latas (CBL), pretende realizar uma oferta pública de aquisições (OPA), retirar a companhia da bolsa e encerrar seu registro de companhia aberta.

A estratégia segue a necessidade de cortar custos. "É impossível para uma empresa que não se alavanca no mercado se manter com capital aberto. O custo é desproporcional ao balanço. A chance de atrair investidores é baixa", afirmou uma fonte. A Rimet teria poucas dívidas, mas uma de suas principais credoras seria a CSN, a maior fornecedora de chapas de aço. A CSN controla a Prada (empresa também do setor de embalagens) que, por sua vez, detém 59% da holding CBL.

Negociada em bolsa desde a década de 80, a Rimet tem baixíssima liquidez, com apenas 1,84% das ações nas mãos do mercado. Com o valor de R$ 4,43 por papel proposto pela controladora, a oferta deve movimentar cerca de R$ 500 mil.

O faturamento líquido da fabricante de embalagens de aço passou de R$ 162 milhões em 2010 para R$ 155 milhões no ano passado. O prejuízo aumentou: de R$ 23,8 milhões para R$ 56,9 milhões no período, sendo que a maior parte do resultado negativo não seria de origem operacional, e sim de passivos incorporados pela empresa.

(Vanessa Dezem | Valor)

 

 

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